• Carregando...

Enfrentando um repentino avanço na inflação e uma desaceleração econômica, o Japão anunciou nesta sexta-feira um pacote de estímulo de 11,7 trilhões de ienes (US$ 107,8 bilhões) para ajudar o país a lidar com a disparada dos preços de energia e dos alimentos. As medidas prometidas pelo governo vão do corte de impostos para famílias de renda mais baixa a subsídios para evitar o aumento dos preços do trigo. Uma grande fatia do pacote será usada para dar garantias adicionais a empréstimos para pequenas e médias empresas.

Apesar do valor aparentemente elevado, o impacto do pacote sobre a economia deve ser limitado, dizem economistas. O gasto fiscal de fato, estimado em US$ 20 bilhões, excluindo cortes de impostos, é pequeno. O governo disse que os gastos, totalizando US$ 16 bilhões, serão cobertos por um orçamento extraordinário para o ano fiscal em curso, que termina em 31 de março de 2009. Boa parte do estímulo será na forma de garantias de empréstimos.

"Isso pode evitar que a economia se deteriore drasticamente, mas não terá muito efeito para estimular a demanda", disse Kazuto Uchida, chefe de Pesquisa Econômica do Bank of Tokyo Mitsubishi UFJ. Para muitos economistas, o pacote é um esforço do primeiro-ministro, Yasuo Fukuda, para conter o declínio de sua aprovação em meio ao aumento da pressão para convocar uma eleição antecipada. O déficit fiscal não permite que o governo apresente um pacote esbanjador, com obras públicas que teriam impacto instantâneo, se não de longa duração, para reativar a economia. Durante o declínio econômico do Japão nos anos 90 e início de 2000, o governo implementou pacotes custosos, acumulando déficits que ainda o abalam.

O pacote anunciado ontem foi elaborado num momento em que os consumidores enfrentam altas nos preços dos alimentos, gasolina e outros bens de primeira necessidade depois de uma década de preços estáveis ou em leve queda. O núcleo do índice de preços ao consumidor, que exclui alimentos frescos e cobre produtos de energia, subiu 2,4% em julho ante o mesmo mês de 2007. Há um ano, o mesmo índice caiu 0,1%.

Os preços altos de energia e commodities afetaram as companhias japonesas, que dependem pesadamente de matérias-primas importadas. Os grandes exportadores, prejudicados pelo encolhimento do demanda nos EUA e em outros grandes mercados, devem anunciar quedas nos lucros, após mais de cinco anos de crescimento. A Toyota Motor Corp., segunda maior montadora do mundo, por exemplo, cortou a previsão de vendas de veículos globais para 2009.

Empresas menores têm dificuldades para repassar o aumento de custos aos consumidores e lutam com pesadas dívidas. O número de falências no país subiu 12% de janeiro a junho, para 6.022, segundo a empresa de pesquisa Teikoku Databank.

A economia do Japão encolheu em ritmo anualizado de 2,4% no segundo trimestre, a maior contração em quase sete anos. O governo vai elaborar os detalhes do corte de impostos para famílias de renda mais baixa, item incluído último minuto por causa da pressão do Partido Liberal Democrático, de Fukuda, parceiro da coalizão de governo. Não ficou claro como o orçamento extra será financiado. As informações são da Dow Jones.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]