A fabricante de papéis Klabin reduzirá seus investimentos programados para 2008 em função da crise financeira internacional. A empresa, que havia previsto investir entre R$ 750 milhões e R$ 800 milhões, agora deve desembolsar cerca de R$ 600 milhões. Para o próximo ano, o investimento não deve passar de R$ 410 milhões. A empresa anunciou ontem que teve um prejuízo de R$ 253,14 milhões no terceiro trimestre por conta da valorização do dólar e do aumento dos custos. No mesmo período do ano passado, a companhia havia apurado um lucro líquido de R$ 177,52 milhões. "É um momento de grande instabilidade e nossa prioridade é só retomar os projetos de investimento quando o quadro da crise tiver melhorado. O objetivo é desembolsar apenas para a manutenção dos ativos. Vamos sentar em cima do nosso caixa e esconder a chave", disse Reinoldo Poernbacher, diretor-geral da Klabin, durante teleconferência em que comentou os resultados da companhia.

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A empresa colocou em compasso de espera os R$ 200 milhões que seriam aplicados na expansão da fábrica de Correia Pinto, em Santa Catarina, que elevaria a produção de de 130 mil toneladas para 190 mil toneladas anuais. A empresa avalia alternativas, como substituir o projeto pelo aumento da produção da unidade Monte Alegre, em Telêmaco Borba. "Os estudos devem estar definidos até o fim do ano", disse o executivo. "O momento é de cautela", completou.

Embora tenha amargado perdas por conta do dólar, a Klabin fez questão de destacar que possui solidez financeira para enfrentar a virada do câmbio. "Não temos operações alavancadas de hedge", disse o executivo, em referência a outras empresas que anunciaram perdas expressivas no mercado de derivativos, como Sadia, Aracruz e VCP. A Klabin possui 50% da sua dívida em moeda estrangeira e a valorização do dólar ante o real gerou um custo de R$ 381 milhões. De acordo com Poernbacher, o caixa, de R$ 2,1 bilhões, é suficiente para honrar compromissos nos próximos três anos e meio.

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Por outro lado, a desvalorização do real deve beneficiar a receita de exportações expressa em reais. Apesar da desaceleração mundial, a Klabin não prevê redução da produção, que já estaria 100% alocada para o próximo ano. O diretor admite, no entanto, que pode haver queda de preços no mercado de kraftliner. Por conta da previsão da queda acentuada de preços, indústrias de celulose como Cenibra, Votorantim Celulose e Papel (VCP) e Suzano Papel e Celulose anunciaram que estudam a redução da produção por conta da diminuição da demanda mundial.

Entre julho e setembro, a Klabin obteve receita líquida de R$ 770,2 milhões, alta de 6,56% sobre igual intervalo do ano passado. As vendas do período somaram 388 mil toneladas, uma expansão de 7,7%.