O novo presidente da Petrobras, Pedro Parente, que assumiu o cargo nesta quinta-feira (2), defendeu na cerimônia de posse mudanças na legislação do pré-sal – que determina que ao menos 30% da participação e dos investimentos de exploração do petróleo nessa camada devem ser garantidos à estatal. Segundo ele, essa determinação é prejudicial à petroleira, que perde a liberdade de escolher apenas os blocos considerados estratégicos e economicamente viáveis, “o que seria imperdoável para empresa listada em bolsa”, em sua opinião.
“A lei (do pré-sal) não atende aos interesses da empresa ou do país. Com a corrente situação financeira (da Petrobras), se (a lei) não for revista, vai retardar a exploração do pré-sal”, afirmou Parente, ressaltando que o pré-sal atingiu 40% da produção nacional da empresa. “Não podemos esperar mais e precisamos levar pré-sal ao máximo.”
Segundo Parente, a empresa precisa recuperar sua imagem e finanças, o que será a prioridade da sua administração. Parente foi enfático em seu discurso contra várias medidas do governo da presidente afastada, Dilma Rousseff. Ele ressaltou a necessidade de a Petrobras ter outro posicionamento na política de conteúdo local, que garante a aquisição de um volume mínimo de bens e serviços no Brasil. Segundo Parente, o conteúdo local precisa de incentivo à inovação.
O novo presidente da estatal se manifestou também contrário à capitalização pela União, o que, em sua opinião, seria uma solução com ônus ao contribuinte e ao Tesouro, que hoje passa por limitações fiscais. “Vamos buscar encontrar saída que não seja a injeção direta de recursos do Tesouro na Petrobras”, disse. Durante a posse, Parente afirmou que a empresa vai investir US$ 20 bilhões neste ano.
Decisão sobre reajuste de combustíveis será ‘empresarial’, diz presidente da Petrobras
Pedro Parente descartou possibilidade de ingerência política na fixação dos preços. E anunciou que a estatal deve vender ativos para se capitalizar
Leia a matéria completaCríticas a gestões anteriores
Parente elogiou o seu antecessor, Aldemir Bendine, mas criticou a gestão dos demais presidentes da empresa durante os governos de Dilma e Luiz Inácio Lula da Silva. Sem citar os nomes de José Sérgio Gabrielle e de Graça Foster, disse que, no passado, a empresa passou por uma fase de “euforia e triunfalismo”, que, segundo ele, “não servem mais para esconder o descalabro que ocorreu na companhia”.
A Petrobras foi “vítima de uma quadrilha”, disse Parente, referindo-se ao esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal. “Mas essa condição de vítima não pode ser encarada como sinônimo de passividade. Continuaremos colaborando de maneira incansável com a Operação Lava Jato”, disse.
Modelo de desinvestimentos
O modelo de desinvestimentos da Petrobras poderá priorizar parcerias de investimento e não somente a venda de ativos em negociação. De acordo com o novo presidente da estatal, Pedro Parente, o objetivo do programa de desinvestimento será identificar ativos que não afetem a estratégia de longo prazo da companhia.
“Vamos trabalhar com vistas a identificar quais os ativos que de fato possam ser objeto de desinvestimento e que não prejudique o ponto de vista da empresa em relação a sua estratégia e no que é seu core business”, afirmou Parente. “Temos que contar com nossas próprias medidas e iniciativas num cenário em que o preço do petróleo baixou de US$ 100 para US$ 50”, completou.
Parente afirmou ainda que está em conversas com a diretoria sobre o programa de desinvestimentos e que não tem detalhes do processo. “Atribuímos muito valor a parceria e, quando falamos em desinvestimento, isso pode não representar venda integral, mas uma combinação de força com parceiro, para melhorar a captura de valor”, completou.
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