Joaquim Levy pode deixar o Ministério da Fazenda antes mesmo do Natal.| Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, está de fato demissionário. Nesta quinta-feira (17), ele não deixou dúvidas sobre isso. Encerrou a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) informando que não participará do próximo encontro do colegiado de ministros da área econômica, marcado para o final de janeiro.

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O anúncio oficial da sua saída só não foi ainda oficializado porque a presidente Dilma Rousseff não conseguiu definir o nome que irá substituí-lo. O embate público do ministro em torno da meta fiscal de 2016 precipitou os acontecimentos.

Com saída de Levy, governo tem poucas opções para o ministério da Fazenda

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A situação é muito semelhante ao que ocorreu no ano passado quando o cargo mais importante na área econômica ficou nas mãos de um ministro demissionário. Durante a campanha à presidência, Dilma “demitiu” o então ministro Guido Mantega ao sinalizar que ele seria substituído se ela fosse reeleita.

Auxiliares diretos da presidente dizem que a substituição poderá acontecer a qualquer momento, com grandes chances de ser antes do Natal. Embora não fosse o motivo do encontro, na quarta-feira (16) à noite, a saída de Levy foi um dos temas tratados na reunião de Dilma com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, três ministros e o presidente do PT, Rui Falcão, no Palácio da Alvorada, que terminou perto da meia-noite.

Lula, que vinha batendo na tecla e insistindo em emplacar o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, agora, demonstra simpatia pelo senador Armando Monteiro, atual ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Um grupo de senadores também trabalha por Monteiro, que é ex-presidente da Confederação Nacional de Indústria.

Lula já conversou com uma série de pessoas sobre Monteiro e recebeu boas referências dele, embora sempre existam prós e contras. O fato de ser um político cordato, com jogo de cintura, está entre os prós. Ele não ser um homem de mercado, pode ser um contra, mas avaliam que isso pode ser revertido.

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Lobby de Barbosa

Enquanto a simpatia de Lula por Monteiro é divulgada, os petistas trabalham arduamente para que Dilma opte por uma solução caseira, limitando-se a transferir o ministro Nelson Barbosa do Planejamento para a Fazenda. Essa ideia, no entanto, é rejeitada por muitos outros setores do governo.

Esta semana, chegou-se a dizer que o currículo de Otaviano Canuto, diretor executivo do FMI, estava sobre a mesa do gabinete da presidente Dilma no Planalto, sob apreciação. O fato é que a presidente já está em busca do substituto de Levy.

Perda do grau de investimento

A gota d’água para o tempo de Joaquim Levy ter chegado ao fim mais rapidamente foi a nota do Ministério da Fazenda sobre o corte da nota do Brasil pela Fitch. A presidente e auxiliares diretos dela ficaram muito irritados com o trecho inicial da nota que diz que, nas palavras de um interlocutor, “deu razão à agência de risco” ao rebaixar o Brasil. O Planalto não gostou também de ele sugerir, da forma como o texto foi elaborado, que faltava determinação do governo em implantar medidas para corrigir o déficit orçamentário de 2016.