Vistos como estratégicos para o negócio das operadoras de telefonia, os acessos móveis via celulares 4G mais do que triplicaram no ano passado e hoje correspondem a 10% do total do país. Só em 2015, segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a tecnologia de quarta geração aumentou sua base de chips ativos em 18,6 milhões. Em um caminho oposto, os acessos 3G terminaram o ano em queda, sinalizando o aumento da migração dos usuários para o 4G, movimento incentivado pelas empresas.
INFOGRÁFICO: Veja a evolução no número de acessos 4G e 3G
A diferença na disseminação das tecnologias é evidente, embora parta de bases bem distintas – em dezembro, a Anatel registrou 25,4 milhões de acessos móveis 4G e 149,1 milhões via 3G. Enquanto os acessos 4G só crescem a cada mês, os 3G atingiram um pico em agosto do ano passado e desde então caíram 8% (veja infográfico).
O movimento de migração para o 4G, que deve seguir com força neste ano, tem sido estimulado pelas operadoras com planos de dados mais baratos – que chegam a custar o mesmo do 3G –e a ampliação da cobertura. Todas as quatro grandes empresas aumentaram o número de cidades com acesso ao 4G no ano passado – só a TIM levou a tecnologia a 366 novas cidades.
“A rede 3G está saturada, não cabe mais nem meio usuário, e assim as operadoras se veem obrigadas a incentivar essa migração, por não conseguirem mais entregar um serviço bom. Além disso, como o 4G oferece uma internet mais rápida, o consumo de dados do usuário aumenta bastante, o que traz um retorno maior para a empresa”, explica o analista de mercado da IDC Brasil Leonardo Munin.
O fato do preço dos celulares com 4G terem diminuído nos últimos anos também ajuda. Antes restrita a aparelhos top de linha, a tecnologia hoje pode ser encontrada com facilidade em modelos abaixo dos R$ 1 mil. A IDC estima que, em 2015, 40% dos aparelhos vendidos tinham capacidade para se conectar à rede 4G, porcentual que deve aumentar para 75% este ano – em 2014, apenas 15% dos smartphones comercializados vinham com 4G.
Como o 4G oferece uma internet mais rápida, o consumo de dados do usuário aumenta bastante, o que traz um retorno maior para a empresa.
Ampliação
A estimativa da consultoria GSMA é que o número de conexões 4G no Brasil chegue a 42 milhões esse ano – aumento que deve vir principalmente de usuários que trocarem seus celulares por modelos mais modernos. O possível aumento é expressivo, mas mostra uma desaceleração no ritmo de disseminação da tecnologia em comparação com o ano passado.
Crescimento
Em 2015, a base de usuários de 4 G na Claro no Paraná e em Santa Catarina cresceu 242% em relação ao ano anterior . “As expectativas de crescimento para 2016 continuam em três dígitos percentuais”, reforça a Claro em nota. A TIM, que diz atender hoje com sua cobertura 4G 100 milhões de pessoas, afirma que quer acelerar ainda mais o ritmo de expansão neste ano, chegando a mais de mil cidades cobertas com a rede.
“A situação geral do país, com aparelhos mais caros devido ao fim da desoneração e alta do dólar, consumidores mais receosos e sem sobra de caixa, gera a percepção de que a velocidade de adoção do 4G vai reduzir. Mas, com os preços dos planos cada vez menores, os números de acessos seguirão aumentando a ponto de ocupar o espaço do 3G”, avalia o diretor da GSMA para o Brasil, Amadeu Castro.
Operadoras serão compensadas por atraso em desligamento do sinal analógico
Anunciado na última semana de janeiro, o novo cronograma de desligamento do sinal de TV analógico resultou em algumas compensações para as operadoras de telefonia que utilizarão a faixa de 700 MHz para ampliar a cobertura do 4G no país – hoje, a faixa é usada justamente nas transmissões analógicas das emissoras.
As quatro operadoras que venceram em 2014 o leilão do 4G – Claro, TIM, Telefônica Vivo e Algar Telecom –protocolaram um requerimento junto à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) no mesmo dia em que o Ministério das Comunicações anunciou oficialmente o adiamento das datas de desligamento. Com o novo calendário, Brasília será a única capital a passar pelo processo ainda neste ano, em outubro – inicialmente, São Paulo e Rio de Janeiro também deixariam de receber o sinal analógico em 2016.
No documento, as operadoras propuseram adiar o repasse da segunda parcela do valor que será destinado à “limpeza” da faixa de 700 MHz, após o desligamento da sinal. No leilão, as empresas assumiram o compromisso de arcar com os custos do processo de transição dos sinais, que giram em torno de R$ 3,6 bilhões. A primeira parcela, de R$ 1,44 bilhão, já havia sido liberada pelas operadoras em abril de 2015.
Inicialmente, a segunda parcela deveria ser repassada até 31 de janeiro deste ano. As operadoras argumentaram à Anatel que os recursos já liberados são suficientes para a transição neste ano e, assim, sugeriram que o novo montante seja depositado só em janeiro de 2017. O pleito foi atendido pela agência.
Além disso, as empresas de telefonia também poderão começar a explorar a faixa de 700 MHz em cada cidade antes do prazo previsto. Inicialmente, as operadoras poderiam utilizar a faixa para o 4G apenas um ano após o desligamento do analógico. Com a mudança no cronograma, ficou acertado que esse tempo de espera será de nove meses.
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