Alexandre Kireeff, prefeito eleito de Londrina, não é da gema e nem é um personagem genuíno do agronegócio. Ele é nascido no interior de São Paulo e se aproximou de fato do segmento da agricultura e pecuária já na vida adulta. Como ele mesmo diz, enquanto jovem foi "absolutamente urbano". Ainda assim, e apesar de ser jovem – tem 45 anos –, é médico veterinário, foi presidente da Associação dos Neloristas do Paraná (ANL) e da Sociedade Rural do Paraná (SRP). Eleito com 50,53% dos votos válidos, Alexandre Kireeff, o menino da cidade que têm negócios no campo, vai administrar uma das grandes cidades da Região Sul. A segunda do Paraná em população e a quarta no Produto Interno Bruto (PIB), além de ser uma das principais agrocapitais do país.

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Sua família ainda mantém empreendimentos no comércio, nos setores imobiliários e de bioenergia, particularidade, aliás, que pode ter contribuído de maneira fundamental em seu trunfo: ter formação e atuação profissional plural e diversificada. Nem um pouco popular, é verdade, como o perfil dos governos que lhe antecederam. Por outro lado, ele também não personificou em sua campanha a referência à aristocracia rural, comum à SRP, entidade à qual ele pertence e da qual já foi um de seus principais gestores, o que pode ter ajudado.

Em suma, características que, numa conjuntura política carente de renovação, onde pouco mais metade dos eleitores optou pela mudança e a outra metade queria a continuidade de um modelo político, o êxito de Kireeff está associado a muito mais do que mudança, como a transfomação, na política, na administração, nas relações e princípios, do público e do privado. Pelo menos é isso que a população de Londrina espera, seja ela do estrato que for, do povo ou da aristrocacia, do urbano ou do rural. Porque o agronegócio, a economia e o cidadão londrinense não merecem e nem suportam mais os desmandos na administração pública que tanto marcaram a imagem e o conceito da cidade nas últimas décadas.

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Mas o desafio está apenas no começo. Se a eleição não foi fácil, administrar será ainda mais difícil, a começar pela escolha da sua equipe. Porque gerir uma cidade com mais de 500 mil habitantes não é o mesmo que cuidar de uma fazenda, de um clube ou de uma associação.

Pode até ser que alguns de seus pares em todas essas experiências de gestão possam colaborar. Agora, não dá para encher a prefeitura de boiadeiros. Mas isso é apenas um exemplo. Quero acreditar que isso realmente não vai ocorrer, que essa pratica está definitivamente banida de Londrina, sob a pena de comprometer toda a proposta de inovação, compromisso e resgate dos valores no cuidado com a coisa pública.

As pessoas de confiança também são bem-vindas. Contudo, muito mais do que amigos e companhreiros de outras lidas, o novo prefeito de Londrina vai precisar de gestores, competentes e comprometidos com a causa. Terá, ainda, de cercar-se de bons e experientes administradores públicos, que possam auxiliar no entenimento e desembaraço da máquina. Porque é preciso ter a humildade da falta de experiência. Não é porque foi eleito prefeito que vai achar que entende tudo de administração pública. Esse, aliás, é um erro comum a prefeitos de primera viagem. E não precisa ir longe para essa constatação. Basta analisar a história recente de Londrina.

Então, não foi apenas o agronegócio que venceu, mas a vontade mudar, de resgatar valores e tradições. O que não significa necessariamente parar no tempo. Mas reunir pessoas e condições, princípios e objetivos para seguir em frente. Presevar a história, sim. Mas principalmente dar novos rumos à uma das mais importantes cidades do país, seja no cenário político, empresarial ou então do agronegócio.

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