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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enquadrou nesta quarta-feira (10) o presidente do Banco do Brasil, Antônio Francisco de Lima Neto, e o presidente da Confederação Nacional das Instituições Financeiras, Gabriel Jorge Ferreira, pela elevação dos juros e dos preços dos serviços bancários em meio à crise financeira.

Durante almoço realizado pela organização não-governamental Ação Fome Zero, num hotel de Brasília, Lula disse que não entende o motivo de os juros se manterem elevados mesmo com ações de ajuda do governo. "É incompreensível", afirmou o presidente, segundo relato de um empresário que estava no almoço. "Esses juros tão altos na ponta prejudicam a economia e o País."

Dirigindo-se a Lima Neto, Lula reclamou que o Banco do Brasil e também a Caixa Econômica Federal aumentaram os juros de financiamentos e até do cheque especial. "Como é que pode o Banco do Brasil cobrar juros de 120%, 70%?", questionou. "Não pode cobrar isso", completou.

A Gabriel Jorge Ferreira, um dos interlocutores do sistema financeiro com o Palácio do Planalto, Lula lembrou de decisões tomadas pelo governo federal, nas últimas semanas, para aliviar as dificuldades dos bancos diante da crise financeira. Na avaliação do presidente, essas medidas, como a liberação dos compulsórios, não destravaram o crédito. "Eu não entendo, como pode, a gente liberou os compulsórios e na ponta os juros continuam tão altos", disse. "O crédito não está chegando na ponta."

Antes do almoço, Lula entregou troféus para 26 prefeitos que se destacaram por oferecer merenda escolar de qualidade e envolver a comunidade na melhoria da alimentação dos estudantes. A Ação Fome Zero é liderada pelo empresário Antoninho Marmo Trevisan. A lista de cidades premiadas inclui Conchal e Olímpia, de São Paulo, Paragominas, do Pará, Campo Alegre, de Santa Catarina, Uberlândia e Coimbra, de Minas Gerais, e Aparecida, da Paraíba.

Impostos

Mais tarde, em entrevista no Palácio do Planalto, o vice-presidente José Alencar também criticou os juros altos. A uma pergunta se o governo tem como adotar medidas para evitar desemprego no País, Alencar respondeu: "Tem: investimento. E, para que haja investimento, nós estamos lutando há mil anos para que os juros caiam".

Alencar disse que tem solicitado aos empresários do País que evitem demitir trabalhadores. "Tenho feito esse apelo. Quando ocorre retração de negócios, ocorre retração de negócios, e tem de haver ajustes nas empresas, mas queremos solicitar que esses ajustes não comecem pela dispensa de um pai de família - às vezes, com certa idade -, porque ele pode não ter nova chance", afirmou. "Então, é preciso que as empresas façam todo o possível e, só em último extremo, dispensem pessoas."

Alencar mostrou-se cauteloso ao comentar a informação de que a redução de impostos está entre as medidas que o governo poderá anunciar para combater no País os efeitos da crise financeira internacional. "Isso tem que ser examinado, levando-se em conta o fato de que não podemos brincar com o Orçamento e a questão fiscal", afirmou. "Se houver déficit fiscal, isso pode prejudicar a sustentação brasileira de combate à inflação", disse. "Precisamos cuidar do equilíbrio orçamentário e, sempre que houver condição, reduzir a carga tributária."

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