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Biocombustíveis

Lula defende diversificação da matéria-prima de biodiesel

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (20) que a soja não deve ser a principal oleaginosa a ser utilizada na produção de biodiesel. Durante a inauguração da unidade da Petrobras Biocombustível localizada em Quixadá (Ceará), evento que foi transmitido pela internet, Lula ressaltou o risco inflacionário de construir um programa de biocombustível a partir de uma commodity. "Transformar a soja na matriz principal é um erro, porque o preço é determinado no mercado internacional", afirmou. O principal mercado de negociação do grão é a Bolsa de Chicago.

Na avaliação de Lula, utilizar a soja na produção de biodiesel é prudente apenas no caso de excesso de produção mundial, caracterizado por preços depreciados. "Neste caso, o uso da soja para o biodiesel pode até estimular os preços", disse. Para justificar o seu argumento, o presidente fez uma referência à recente alta da inflação, marcada por alta no preço dos alimentos. "De repente eu vejo a inflação brasileira causada por commodities e a gente não pode fazer nada."

Durante o seu discurso, o presidente rebateu as críticas ao programa de biodiesel do governo federal, que incentiva o uso da mamona como matéria-prima. "Ainda nem começamos a dar uma dimensão industrial para o biodiesel da mamona e muitos estão falando que o programa já fracassou", disse. Segundo ele, a escolha da oleaginosa mais adequada para a produção do biocombustível "pode levar de cinco a dez anos".

Mais uma vez, Lula voltou a defender a produção dos biocombustíveis e a afirmar que ela não compete com os alimentos "Temos uma grande política de produção de biocombustíveis e uma grande política de produção de alimentos", ressaltou. O programa do governo para o biodiesel prevê incentivos para que a cadeia produtiva da mamona seja formada a partir da agricultura familiar, de modo a garantir abastecimento e renda para o pequeno produtor. Durante a cerimônia, o governador do Ceará, Cid Gomes, anunciou subsídios de R$ 200,00 por hectare de mamona cultivada na região.

Também em discurso, o presidente da Petrobras Biocombustível, Alan Kardec, afirmou que três razões levaram a empresa a inaugurar uma unidade de biodiesel: o aumento da demanda por biocombustíveis no Brasil e no mundo; a capacidade do Brasil de responder a esse movimento; e a exigência do governo de que parte da matéria-prima seja oriunda da agricultura familiar.

A unidade de produção de biodiesel da Petrobras em Quixadá tem capacidade de produção de 57 milhões de litros do biocombustível por ano, dos quais aproximadamente um terço serão destinados ao Ceará e o restante a demais estados do Nordeste. A Petrobras investiu R$ 100 milhões no projeto. A companhia deve inaugurar em breve a sua terceira usina de biodiesel, em Montes Claros, Minas Gerais.

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