Atualizado em 26/01/2006 às 19h31
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva - que participa do Fórum Econômico Mundial - afirmou nesta sexta-feira que a taxa de juros no Brasil não cairá "por mágica". Explicando algumas medidas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), anunciado no início da semana, o presidente afirmou: "agora, ou vai ou racha!". Lula disse ainda que os países mais pobres precisam parar de "chorar miséria" e assumir responsabilidade por suas dificuldades econômicas.
- Temos que parar de viajar o mundo chorando a nossa miséria e importando culpados pela nossa desgraça. Muitas vezes, a responsabilidade é nossa - disse Lula ( clique e saiba mais ).
Sobre a polêmica envolvendo os juros no Brasil, Lula disse que não há uma solução mágica para a questão. Durante seu discurso nesta sexta-feira, Lula disse estar confiante de que a taxa de juro no país cairá na medida em que aumentar a confiança na economia brasileira.
- Todos nós gostaríamos de uma taxa mais baixa no Brasil. Mas você não pode reduzí-la por mágica.
O Banco Central reduziu o ritmo de corte da taxa básica de juro - a Selic - que caiu 0,25 ponto percentual na quarta-feira, para 13% ao ano.
Embora a redução no ritmo do corte fosse esperada pelo mercado, chegou-se a cogitar um corte maior - o que poderia representar uma manifestação de apoio do BC ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) , anunciado na segunda-feira.
Ao detalhar o plano, na ocasião, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, causou mal-estar ao cobrar em público, do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, a redução da taxa de juros.
- Viu Meirelles? O mercado espera a queda da taxa dos juros - disse.
A frase foi interpretada como uma pressão política sobre o BC, que acabou confirmando sua autonomia ao fazer uma redução menor da taxa.
A pedido de Lula, Mantega e Meirelles, nesta sexta-feira, deram uma entrevista coletiva, juntos, para desfazer qualquer clima de constrangimento . Os dois fizeram questão de afirmar que não há divergências sobre a redução dos juros.
Rodada de Doha, contra terrorismo e crime organizadoO presidente fez uma dura defesa da retomada das negociações da Rodada de Doha. Segundo ele, "o que não se gasta em acordo comercial se gasta depois em uma guerra, como a do Iraque".
Lula também reiterou que o Brasil está pronto para fazer concessões para garantir um acordo para as negociações mundiais de comércio. O presidente pediu aos países ricos que mostrem mais flexibilidade.
Ministros de comércio de cerca de 30 países têm se encontrado em paralelo ao Fórum Econômico Mundial em Davos numa tentativa de quebrar o impasse que marca as negociações de Doha.
Além disso, Lula pediu que os países ricos invistam mais nos países pobres.
- Vim aqui para mostrar que é possível cumprir as metas do Milênio se houver um mínimo de compreensão dos países ricos. Não para ficar dando dinheiro para os países pobres, mas para investir em um projeto que signifique o desenvolvimento destes.
Agora, ou vai ou racha!
Ao falar sobre obras de infra-estrutura, Lula garantiu que o governo levará adiante a dragagem de portos, citando os do Rio, de São Paulo, de Tefen e de Suape.
- Tem coisa que o Brasil não pode esperar. Temos portos importantes e estamos esperando há três anos para fazer a dragagem. Agora vamos fazer.
Recorrendo a um jargão de futebol, o presidente concluiu:
- Agora, ou vai ou racha!.
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