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Relações internacionais

Lula se gaba de aporte no FMI

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Como parte do acordo fechado pelo G-20, grupo que reúne os países mais ricos e as maiores economias emergentes do mundo, o Brasil terá de fazer uma contribuição ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, esta é uma oportunidade de entrar para a história, já que o país faz o caminho inverso do que o visto nas últimas décadas: ao invés de pedir recursos, fará um aporte no fundo para ajudar nações mais pobres.

"Gostaria de passar para a história como o presidente que emprestou dinheiro ao FMI", disse Lula, que já usou amplamente na campanha de 2006 o fato de ter quitado o empréstimo contraído por Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) com o fundo. "Você não acha chique o Brasil emprestar dinheiro para o FMI? Não é uma coisa soberana?", brincou o presidente.

Apesar do tom geral de otimismo, o brasileiro deixou uma porta aberta para tempos mais difíceis: "Agora não precisamos. Mas não tem soberba. Porque, se algum dia precisar e o fundo for a única fonte, nós vamos atrás".

A reforma do FMI, prevista para ser concluída até janeiro de 2011, está no horizonte do país. A cota do Brasil no FMI é de apenas 1,7% do total, apesar de o país estar atualmente entre as dez maiores economias do planeta.

Em seu discurso no encerramento da cúpula, o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, disse que as reformas vão ocorrer e que a nomeação da direção do fundo vai passar a ser "por mérito". Atualmente, a escolha é feita basicamente por um acordo entre europeus e norte-americanos.

Em noite inspirada após o aparente sucesso da reunião, Lula disse em entrevista que ninguém deve ter medo de "cara feia". "Se o [boxeador] Cassius Clay tivesse medo de cara feia, tinha perdido para o Foreman naquela luta no Zaire [em 1974]. Eu me considero o Cassius Clay dessa crise, quero dar uma muqueta nessa crise", disse.

Origem

O primeiro empréstimo do Brasil ao FMI ainda depende de uma decisão fundamental: como fazê-lo de modo que o valor não seja contabilmente descontado das reservas do país. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o valor da colocação brasileira pode ser anunciado nos próximos dias.

O mecanismo escolhido é subscrever uma emissão de títulos do FMI, que devem entrar nas reservas. Ou seja, na prática, a operação pode aparecer como uma diversificação. Ao invés de títulos do governo norte-americano, por exemplo, uma parte das reservas será aplicada nos títulos do fundo.

Dessa forma, os US$ 200 bilhões acumulados pelo país não seriam reduzidos. "Precisamos analisar os detalhes das regras, mas já tivemos uma sinalização positiva de (do diretor-gerente Dominique) Strauss-Kahn", disse Mantega.

O reforço dos recursos das instituições financeiras internacionais foi o principal consenso obtido ontem pelos líderes do G-20. O capital do FMI, que hoje dispõe de US$ 250 bilhões, passará a ser de US$ 750 bilhões. O grupo também aprovou a emissão de US$ 250 bilhões em Direitos Especiais de Saque do fundo. Outros US$ 250 bilhões irão para o financiamento do comércio internacional e mais US$ 100 bilhões para bancos multilaterais de fomento. No total, US$ 1,1 trilhão será injetado para restaurar o crédito.

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