O presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou nesta terça-feira (30) sua expectativa de aprovação pelo Congresso americano de um pacote de ajuda ao setor financeiro. "Torço para que o governo, o Congresso, os empresários e o povo americano encontrem logo uma saída e não permitam que a eleição atrapalhe as decisões para que a crise não aprofunde os problemas em outros países", declarou, em entrevista à imprensa ao final de encontro com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. "Ao mesmo tempo, quero o bem do povo americano. Ninguém merece uma crise. São mais de 340 mil famílias que perderam suas casas nos EUA", completou.

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Lula se disse ainda otimista com a aprovação do pacote da Casa Branca pelo Congresso dos Estados Unidos. "Obviamente, estou esperançoso que os EUA resolvam parte da crise", completou, para acrescentar que o "pânico" das bolsas de valores de ontem foi substituído hoje por resultados favoráveis. Apesar de insistir que está, neste momento, tranqüilo, confessou que também se mostra apreensivo.

Especialmente com a escassez de crédito no mundo inteiro que, conforme informou, ainda não alcançou as instituições que mais financiam as exportações do País - o Banco do Brasil e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). "Eu poderia dizer que sou homem que hoje estou tranqüilo, acompanhando (a crise) com apreensão", afirmou. "É como se eu recebesse a notícia de um amigo meu estava internado no hospital. Eu não estou doente, mas fico apreensivo com o que pode acontecer. Eu estou apreensivo com a crise porque o Brasil é um país exportador, porque o País quer continuar crescendo", completou.

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O presidente lembrou ainda que, em conversa com líderes de outros países em Nova York, na semana passada, foi sugerida a separação entre crédito podre e financiamento produtivo pelas instituições que atuam nesse mercado. Lula ainda deixou, como mensagem tranqüilizadora aos brasileiros que acreditavam em um período de forte crescimento econômico, que este é o momento de se acreditar no Brasil e no seu mercado interno. "Temos de acreditar que não seremos vítimas, como fomos outras vezes, e ao mesmo tempo torcer para que os americanos resolvam o problema", declarou.

Monitoramento

O presidente Lula confirmou que, junto com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e com os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, está monitorando a crise financeira mundial. Ele negou, porém, que este trabalho de monitoramento funcione como uma espécie de gabinete especial para o monitoramento da crise.

Lula afirmou que tem o hábito de reunir-se sistematicamente com Meirelles, Mantega, e Miguel Jorge, para tratar de temas econômicos. Lembrou ainda que os três colaboradores também precisam reunir-se sistematicamente para aferir o desempenho das exportações e das importações, bem como da entrada e da saída de capitais do País.

Mas insistiu que não se trata de um gabinete. "Não existe uma espécie de gabinete de crise. Eu é que sou um curioso por economia desde que era presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo. Eu tenho, não sei se o defeito ou a virtude, de sistematicamente, convidar o ministro da Fazenda e o presidente do BC para conversa. Mas não é de agora, não. É de sempre", afirmou.

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Crédito

O presidente afirmou hoje que apesar do risco de escassez de crédito derivado da crise financeira mundial, não faltarão recursos para os projetos financiados pelas instituições oficiais. Ao lado do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, com quem se reuniu em Manaus, Lula afirmou que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) continuará e que não faltarão recursos ao Banco do Brasil e ao BNDES para o financiamento das exportações.

"Nós não vamos permitir que faltem recursos para as coisas que temos de cumprir", afirmou. "No Brasil, nós vamos tomar cuidado para que a coisa não aconteça. O PAC vai continuar funcionando. E as obras de infra-estrutura vão continuar acontecendo", completou.