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As privatizações ocorridas na década de 90 foram necessárias para fazer o país crescer após o fim da hiperinflação. A avaliação é do ex-ministro da Fazenda Pedro Malan, que fez nesta terça-feira (9) um balanço sobre sua gestão à frente da pasta durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Em depoimento gravado e exibido durante seminário comemorativo dos 200 anos do Ministério da Fazenda, em Brasília, Malan disse que somente com as privatizações o país conseguiria fazer os investimentos em infra-estrutura necessários para se desenvolver nos anos seguintes ao Plano Real.

"O Brasil, para crescer, tinha necessidade de investimentos em infra-estrutura que não davam para ser feitos somente pelo setor público", avaliou o ministro. "Esse era um dos desafios que se apresentou depois que a inflação foi contida."

Segundo ele, a venda de empresas estatais para o setor privado não foi motivada apenas por fatores ideológicos e trouxe avanços para o país. "Hoje, a infra-estrutura que o país dispõe em determinadas áreas, como as telecomunicações, só foi possível por causa dos investimentos privados".

Além das privatizações, disse Malan, a equipe econômica do governo Fernando Henrique deixou como legado a estabilidade das instituições e a melhoria da percepção do Brasil no cenário internacional: "A gente conseguiu acabar com a imagem de que o Brasil só buscava soluções mágicas e sempre queria reinventar a roda para conter a inflação".

Malan avaliou ainda que todo governo se constrói sobre os avanços institucionais dos governos anteriores, processo que, segundo ele, continua a ocorrer com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "O atual governo beneficiou-se de uma herança que não tem nada de maldita", declarou.

O ex-ministro referiu-se indiretamente a uma declaração de Lula em 2003. Na ocasião, o presidente classificou de "herança maldita" a definição pelas agências reguladoras de aumentos nos preços da telefonia e da energia elétrica. Malan, no entanto, disse acreditar que o atual governo entregará ao sucessor um país melhor do que recebeu.

Para Malan, sua gestão foi marcada principalmente pelos desafios de uma agenda pós-hiperinflação, que se manifestaram de três formas: problemas de gestão da máquina pública, as conseqüências do fim da inflação – com a exigência de responsabilidade fiscal pela União, estados, municípios e a crise em bancos que pararam de se beneficiar com a indexação da economia - e a necessidade de aumento nos investimentos.

Malan lembrou ainda as crises internacionais que afetaram a economia brasileira no final dos anos 90. Ele afirmou que as crises do México, em 1995, da Ásia, em 1997, e da Rússia, em 1998, trouxeram impacto no crescimento do país, mas tiveram efeito temporário, principalmente após o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) em 1999, que estabeleceu metas de superávit primário: "Em 2000, o país voltou a crescer e os problemas estavam superados."

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