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A polícia reagiu aos estudantes com cassetetes. Um jornalista foi ferido por um fogo de artifício | EFE/MATTEO BAZZI
A polícia reagiu aos estudantes com cassetetes. Um jornalista foi ferido por um fogo de artifício| Foto: EFE/MATTEO BAZZI

Milhares de italianos saíram às ruas em várias cidades nesta quinta-feira (17) para protestar contra o que chamaram de "governo dos banqueiros", liderado pelo economista Mario Monti. Houve confrontos com a polícia em alguns pontos.

Estudantes na capital financeira, Milão, jogaram fogos de artifício contra a polícia que tentava impedi-los de se aproximar da universidade Bocconi, que é presidida por Monti e tornou-se um símbolo do novo governo de tecnocratas que ele está formando para enfrentar a crise da dívida da Itália.

A polícia reagiu aos estudantes com cassetetes. Um jornalista foi ferido por um fogo de artifício, disseram fontes policiais.

Os alunos também arremessaram ovos e notas de dólar falsas no prédio da Associação Bancária Italiana. "Nós não queremos que os bancos governem" e "O governo Monti não é a solução", gritavam os alunos.

O governo do primeiro-ministro Monti, empossado na quarta-feira, definiu as medidas que visa apresentar na Câmara Alta do Parlamento nesta quinta-feira antes do voto de confiança às 17h30 (horário de Brasília).

Em seu primeiro discurso ao Parlamento, nesta quinta-feira, Monti disse que a Itália enfrenta uma emergência séria que poderia ajudar a decidir o futuro da União Europeia. Ele afirmou que os três pilares da política do governo seriam rigor orçamental, crescimento econômico e justiça social.

Universidades são alvo

Também houve protestos em Turim, Roma, Palermo e Bari, já que os manifestantes tiveram como alvo as universidades em que alguns dos ministros de Monti costumam dar aula, além de agências bancárias e repartições fiscais.

Em Turim, confrontos eclodiram entre a polícia e milhares de manifestantes, incluindo anarquistas tentando se aproximar da sede local do Banco da Itália.

A polícia disse que várias pessoas ficaram feridas, inclusive um policial. Alguns dos manifestantes gritavam: "Cheiro de austeridade" e "Monti vai transformar nós todos em mendigos".

A perda da confiança do mercado levou a Itália à beira de um desastre financeiro e elevou os custos de empréstimo a níveis insustentáveis.

O gabinete de Monti é composto de uma mistura de especialistas acadêmicos e administradores experientes e inclui Corrado Passera, presidente-executivo do maior banco de varejo da Itália, o Intesa Sanpaolo, como ministro da Indústria.

O fato de ninguém do novo gabinete ter sido eleito pode dificultar a obtenção de apoio popular para novos impostos, cortes de empregos ou reformas previdenciárias que poderiam afetar duramente os italianos.

Plano do governo

Correndo para pôr fim ao colapso da confiança do mercado, Monti disse que considerará medidas adicionais após implementar por completo as promessas feitas à União Europeia, que nunca foram cumpridas por seu predecessor, Silvio Berlusconi.

Ele declarou que os objetivos principais de seu governo tecnocrata serão melhorar os serviços públicos e ajudar mulheres e jovens a conseguir emprego.

Deixando claro que buscará reduzir a enorme dívida pública da Itália e estimular o crescimento, Monti disse que o país tem uma idade maior de aposentadoria que França e Alemanha e que a evasão crônica de impostos precisa ser combatida, diminuindo a carga tributária geral.

Ele também estabeleceu um cronograma para a venda de ativos estatais.

Monti disse que o uso do capital precisa ser reduzido para mitigar a economia informal, que representa quase 20 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).

Ele também prometeu reduzir o custo do sistema político italiano, que causou grande irritação na população durante o governo de Berlusconi.

Para as reformas radicais, Monti precisará do forte apoio parlamentar prometido pelos partidos, mas isso pode evaporar diante da impopularidade das medidas, de acordo com analistas.

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