Tradicionalmente otimista, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu, nesta quinta-feira (30), após reunião ministerial na Granja do Torto, que as turbulências no mercado externo podem durar ainda algumas "semanas ou meses" e, na pior das hipóteses, impactar a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2008.
Em um primeiro momento, o ministro não explicou o seu ponto de vista. Em seguida, porém, creditou a análise a economistas do mercado financeiro. "Pode haver uma queda de 0,1 a 0,3 ponto percentual do PIB. É apenas uma reflexão e especulação. São projeções. Como estamos no curso das turbulências, esclareci as possibilidades", disse ele. Na visão de Mantega, porém, não haverá esse recuo do Produto Interno Bruto em relação ao estimado.
Até o momento, a estimativa do governo federal, contida no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), é de que o PIB cresça 5% no próximo ano. Para o mercado financeiro, a taxa de crescimento deve ficar um pouco menor: 4,40%. Entretanto, o mercado vem elevando as suas estimativas para o avanço da economia brasileira em 2008 há duas semanas consecutivas.
Apesar de fazer a ponderação sobre a taxa de crescimento do próximo ano, Mantega segue afirmando que a economia brasileira tem todos os elementos para manter uma elevação sustentada do PIB. "Mudamos patamar de crescimento e estamos combinando com distribuição de renda e redução da pobreza. Estamos reduzindo a pobreza e distribuindo melhor a riqueza. Crescimento é sustentável porque se faz por meio de vulnerabilidade menor da economia, que está sendo posta à prova neste momento", afirmou a jornalistas.
O ministro disse ainda que a melhoria nas contas públicas, com o déficit nominal, contabilizado após o pagamento dos juros, de 2,08% do PIB em doze meses até julho, o mais baixo da história, confere "respeitabilidade" ao Brasil. "Tudo isso nos permite dizer que teremos muito pouca influência ou repercussão desta turbulência que pode perdurar por algumas semanas ou meses", acrescentou.
Segundo ele, a economia brasileira depende, porém, cada vez menos do mercado externo. "Isso porque constituímos um mercado de massa no Brasil. Aumentamos o poder de consumo com o aumento do emprego e renda. Porque fizemos quase uma revolução no crédito, que é acessível às camadas de menor renda. Triplicamos o crédito às pessoas físicas nos últimos quatro anos, com distribuição de renda e políitca de salário mínimo. Conseguimos fazer uma inclusão de vários milhões de famílias em um patamar de consumo melhor", disse.
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