O presidente do Banco Central, Herinque Meirelles, disse nesta terça-feira (11), durante seminário em São Paulo, que o medo da crise financeira provoca um "fenômeno em cadeia" que amplia os efeitos da própria crise em outros mercados.
"O consumidor começa a ficar com medo, compra menos; o empresário começa a ficar com medo, o banqueiro também. Isso é como se dá o contágio da crise", disse Meirelles. "Evidentemente, tudo isso gerou um fenômeno em cadeia."
Meirelles repetiu expressão semelhante usada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, durante discurso na Itália, nesta terça, disse que existe a "crise do medo", que faz o empresário não investir, o banco não emprestar e o trabalhador não comprar.
"Quando nós chegarmos a essa realidade, começa a crise real", afirmou Lula.
Segundo o presidente do BC, diante das notícias sobre crise em vários países, o consumidor brasileiro acaba adiando decisões de compra e o empresário, de investimentos.
"Está todo mundo vendo televisão o tempo todo. É crise nos Estados Unidos, crise na Europa, crise no Japão, crise na China e todo mundo começa a dizer: 'peraí'. O consumidor fala: 'aquele automóvel que eu ia comprar, deixo para o ano que vem'. Outro ia comprar uma TV, mas aguarda mais um pouquinho. A empresa diz: 'eu não vou fazer esse investimento'", disse.
Taxa de juros
Questionado se poderia pré-anunciar a taxa de juros, Meirelles disse que não precisaria reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). "Aliás, poderíamos até tirar férias", disse. "Por que os Bancos Centrais normalmente não pré-anunciam taxa de juros até o final do ano que vem? Porque o mundo é dinâmico, muda rapidamente."
Segundo Meirelles, "a política monetária é uma política que tem por finalidade a manutenção da estabilidade". "Alguns países, é o caso dos EUA, estão cortando os juros. É verdade. Mas os EUA abandonaram a preocupação com inflação? Não é verdade. Já existe previsão até de deflação nos EUA no final de 2009. Então, o Fed está cortando a taxa de juros porque pode e deve."