O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou nesta segunda-feira (2), na cidade do Porto, em Portugal, que a crise financeira mundial aponta para a necessidade de reforço de regulação e supervisão financeira em muitas direções, a começar pela melhoria das práticas de gerenciamento de liquidez e pela maior transparência quanto aos riscos inerentes ao próprio mercado.

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Meirelles disse ambém que não se pode descuidar da supervisão do sistema, que deve monitorar com mais acuidade o comportamento das instituições financeiras, incluindo preocupações macroprudenciais na determinação do capital regulatório e levando em conta os incentivos criados pela própria regulação.

Em pronunciamento na Reunião Extraordinária de Ministros Ibero-Americanos de Finanças, Meirelles ressaltou que a crise financeira mundial foi provocada, em parte, pelo longo período de baixas taxas de juros, alto crescimento global e limitada volatilidade [oscilação] das condições econômicas.

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De acordo com o presidente do Banco Central, esse ambiente positivo levou investidores a expandir a busca por rendimentos, embora tenha havido deterioração nas curvas de qualidade de crédito, provocada por avaliações demasiadamente otimistas e pela falta de zelo com as obrigações contraídas luz do exame dos potenciais riscos futuros.

O diagnóstico de Meirelles também aponta pecados do sistema financeiro que, no seu entender, criou estruturas e instrumentos de suporte a maior alavancagem, oferecendo rendimentos cada vez mais altos. Para ele, tais instrumentos não eram totalmente transparentes e mascararam a extensão da própria alavancagem e de suas conexões dispersas nas instituições e mercados.

Meirelles destacou ainda que o comércio de novos produtos financeiros cresceu exponencialmente, ao mesmo tempo que o sistema manteve a demanda por mais associações de capital não-regulamentadas, através da criação de veículos de investimento fora de suas demonstrações financeiras. E essas inovações não tiveram o acompanhamento de técnicas usuais de gestão de risco, acrescentou.

A crítica é dirigida também aos reguladores, formuladores de política financeira e supervisores de mercado, que, segundo ele, não agiram para estancar a excessiva tomada de risco e tampouco levaram em conta a interconectividade de atividades das instituições e mercados regulamentados e não-regulamentados, em parte em função de arcabouços regulatórios fragmentados e restrições legais sobre compartilhamento de informação.

Em resumo, disse ele, as fragilidades regulatórias começaram pela falta de supervisão quanto aos riscos sistêmicos: reconhecido um aumento exagerado na alavancagem e nos preços dos ativos, não houve ação coordenada para atacar suas implicações; e falta de supervisão quanto s associações de capital desregulamentado: bancos de investimento, fundos de hedge e de private equity, além de diferentes instrumentos de securitização não-visíveis em demonstrações contábeis, que cresceram desproporcionalmente em importância.

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