O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, voltou a defender que a quebra de instituições financeiras gera prejuízos não apenas para o dono, mas também para toda a sociedade e para o país. Ao lembrar da quebra de instituições financeiras nos Estados Unidos na crise de 2008, Meirelles argumentou que "o problema do banco é que, quando ele quebra, não dá prejuízo só para o dono do banco, dá prejuízo para o país, para a sociedade". Nos EUA, segundo ele, a crise gerou um custo à sociedade de cerca de 30% do Produto Interno Bruto (PIB).
Em seguida, Meirelles observou que recentemente "o sistema financeiro deu um sinal com o Panamericano, quando o banco teve uma perda interna que foi totalmente coberta". "Instituições funcionaram muito bem. Isso seria uma ameaça há alguns anos", comentou, ao afirmar que o Brasil tem, hoje, mais resistência às crises, sejam externas ou internas. "Hoje, as possibilidades de uma crise autoinduzida, endógena, são menores", afirmou. Meirelles participou hoje de almoço-palestra no 21º Congresso Nacional de Executivos de Finanças (CONEF), em Vitória, no Espírito Santo.
Saída do BC
Meirelles disse ainda que foi "feliz" sua opção de não anunciar a saída do cargo antes da escolha de seu sucessor, o atual diretor de normas do BC, Alexandre Tombini. "Felizmente, não decidi anunciar isso antes da escolha do sucessor", afirmou no evento realizado hoje em Vitória, que teve transmissão via internet.
Ele argumentou que fatos recentes mostraram que "foi boa escolha" manter em segredo a decisão de deixar o cargo no fim do ano, porque "não seria muito aconselhável haver certo vácuo de poder" no BC. Sem citar nomes, afirmou que um "episódio" mostrou que a opção estava correta. Minutos antes, Meirelles falara sobre a solução do caso Banco Panamericano, que teve atuação direta do BC.
O vácuo no BC ocorreria, segundo ele, se ele anunciasse a decisão de deixar o cargo em dezembro antes mesmo de a presidente Dilma Rousseff revelar o indicado para o cargo. "Quando tomei decisão de cumprir o máximo de dois mandatos, a minha dúvida é se (a saída) seria em março, possivelmente como candidato, ou em dezembro, que foi a decisão tomada", afirmou Meirelles, ao sinalizar que a decisão foi tomada há vários meses.
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