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O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, reafirmou hoje que a apreciação do real em relação ao dólar decorre de fatores conjunturais e estruturais. Conjunturalmente, disse ele, existem problemas com algumas moedas. Um exemplo é o dólar, que está se desvalorizando não só em relação ao real, mas diante de muitas moedas, o que implica em um problema que tem afetado muito o Brasil. Ainda segundo o presidente do BC, pesa sobre o Brasil o fato de o real ser uma moeda muito correlacionada com as chamadas moedas-commodities, que são as moedas de países exportadores de matérias-primas, como Austrália, Nova Zelândia e Canadá, entre outros. Este grupo, de acordo com Meirelles, sofre uma competitividade muito grande que acaba valorizando suas moedas.

Outra questão que tem sido cada vez mais levada em conta, de acordo com o presidente do BC, é o déficit em conta corrente que a longo prazo, é um fator determinante para a cotação da moeda. "Eu acho que temos agora um período não pontual. No Brasil, vai tudo muito bem. A economia vai crescer mais de 7% neste ano (o BC espera crescimento de 7,3%) e, para o ano que vem, crescerá a uma taxa menor, mas mais sólida. E um mundo com tantas incertezas faz com que o Brasil atraia investimentos. É o preço do sucesso", disse Meirelles. O presidente do BC afirmou não ver risco de crise com relação ao câmbio e ressaltou que em um regime de câmbio flutuante, o que existe é a tendência de normalização no longo prazo.

Meirelles também voltou a afirmar que a redução da taxa básica de juros é uma consequência da estabilidade econômica. Ele fez esta afirmação durante sessão de perguntas e respostas de empresários da indústria paranaense, após proferir a palestra "Responsabilidade Macroeconômica para o Crescimento", na sede da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), em Curitiba. A resposta de Meirelles se deu a uma pergunta sobre o que fazer para que a taxa de juros seja reduzida e a taxa de câmbio se torne mais competitiva. Para Meirelles, o processo é inverso, ou seja, tem de focar na taxa de juros para obter a estabilidade.

"Quanto mais se foca na taxa de juros, mais instabilidade se gera. À medida que se foca na inflação e ela fica na meta e a relação dívida pública na proporção do PIB seja cadente, como consequência, as taxas de juros caem." É o que aconteceu na Inglaterra há mais de 200 anos, quando houve a reforma liberal: a taxa de juros saiu de dois dígitos, de acordo com os registros que se têm, para um dígito num período de 50 anos", afirmou, acrescentando não se tratar de um processo muito rápido. A essência do processo, disse Meirelles, é a continuidade da inflação na meta e a queda porcentual da relação dívida/PIB. "Tudo isso são pressupostos e consequências para que a taxa de juros continue na trajetória dos últimos anos", explicou.

Meirelles acrescentou que, embora seja um processo longo, o Brasil já tem também um longo caminho percorrido nesse sentido, destacando as conquistas econômicas e financeiras obtidas pelo país nos últimos anos.

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