Depois de um ano e meio ininterrupto de queda nas vendas, o mercado brasileiro de computadores finalmente voltou a crescer. Dados da consultoria IDC divulgados na semana passada mostram que o número de notebooks e desktops comercializados no país aumentou 13% no segundo trimestre deste ano, em relação ao trimestre anterior.
Para a IDC, a diminuição do preço dos produtos foi um fator preponderante para o resultado – no segundo trimestre, os preços dos computadores diminuíram, em média, R$ 333. O ticket médio dos PCs, que no início do ano era de R$ 2.782, baixou para R$ 2.449. O que por sua vez é resultado da estabilidade do dólar, já que a maioria dos componentes usados são importados.
“Com a melhora no preço e com a necessidade de repor estoques, houve uma retomada forte nas vendas do varejo. Além disso, os fabricantes puderam oferecer melhores margens de preços e as negociações foram mais interessantes”, avalia, em nota, o analista de pesquisa da IDC Brasil Pedro Hagge.
No total, foram comercializados 1.182 milhão de computadores no segundo trimestre – destes, 436 mil eram desktops (aumento de 10% em relação ao primeiro trimestre) e 746 mil notebooks (aumento de 15%). A maior parte dos aparelhos – 800 mil – foi vendida para o mercado corporativo, o que representou um crescimento de 12% para este tipo de consumidor.
Mercado
O crescimento das vendas no mercado corporativo, no segundo trimestre do ano, foi justamente um dos trunfos da paranaense Positivo Informática, líder deste mercado no país. O número de PCs da marca vendidos para empresas aumentou 77% no segundo trimestre, em comparação com os três primeiros meses do ano.
O resultado ajudou a minimizar a queda nas vendas de computadores para o setor público, que foi de 19% no período, na mesma base de comparação. No total, a empresa comercializou 302,8 mil PCs no segundo trimestre – 146 mil para o varejo, 133 mil para governos e 23,7 mil para empresas.
Em comparação com o primeiro trimestre, as vendas da Positivo caíram 3,4%. Já colocados ao lado do segundo trimestre de 2015, os números são 2,7% menores, o que mostra uma desaceleração da retração vivenciada pela companhia paranaense – no primeiro trimestre, a queda nas vendas havia sido de 27%, nas duas bases de comparação.
“Apesar da contração do mercado, destaca-se que o comportamento da demanda tem se mantido bastante em linha com as expectativas. A ausência de surpresas tem proporcionado um equilíbrio mais saudável entre oferta e demanda e, consequentemente, a normalização das margens no setor”, sinaliza a Positivo Informática no balanço do segundo semestre.
Retomada?
Uma retomada do setor como um todo, no entanto, ainda deve ficar para o próximo ano. A previsão da IDC é que o mercado brasileiro de PCs amargue uma queda de 31% nas vendas neste ano, em comparação com 2015. A disparidade com os números do ano anterior fica evidente ao se analisar o resultado do segundo trimestre deste ano com o mesmo período de 2015: a retração, neste caso, é de 28%.
“Os computadores ainda são indispensáveis para produção de conteúdo, mas para consumo de conteúdo têm fortes concorrentes como smartphones, TVs e tablets. No segmento corporativo, o baixo investimento em PCs está atrelado ao desemprego”, analisa Hagge.
A IDC prevê que as vendas nos próximos dois semestres fiquem estáveis. O setor deve voltar a crescer de fato somente em 2017, quando a consultoria espera um crescimento de 5% no número de produtos comercializados.