Alemanha e França testaram sua ligação histórica nesta terça-feira (15), quando o novo presidente francês, François Hollande, foi a Berlim para conversações sobre a crise europeia, como foco no crescimento da zona do euro, bancos e, principalmente, Grécia. Após o encontro, ambos defenderam a permanência do país heleno na zona do euro.
As declarações sobre Grécia e outros temas foram feitas em uma coletiva de imprensa realizada em Berlim, após o encontro dos dois principais líderes da zona do euro.
Segundo a chanceler alemã Angela Merkel, há "pontos em comum" entre suas ideias e as do presidente francês também quanto ao crescimento na Europa, apesar das diferenças expressadas nas últimas semanas.
"O crescimento é um conceito geral e que pode referir-se a distintos tipos de medidas", disse Merkel. De acordo com a chanceler, ela e Hollande continuarão discutindo os variados pontos de vista de ambos.
Hollande desembarcou no final da tarde na capital alemã após seu avião ter aparentemente sido atingido por um raio, tendo que retornar a Paris para embarcar em outra aeronave. O encontro foi a etapa final de um dia que começou com a sua posse em Paris ao suceder Nicolas Sarkozy, um aliado na austeridade da chanceler alemã Angela Merkel.
As conversações, no entanto, foram ofuscadas pela notícia de que fracassaram em Atenas os esforços para a formação de um governo de emergência, com as partes concordando em realizar novas eleições em 17 de junho.
Com o futuro incerto da Grécia, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, assumiu nesta terça-feira pela primeira vez a possibilidade real de que a Grécia pode deixar a união monetária.
O socialista Hollande, que quer renegociar o pacto fiscal europeu para incluir políticas de crescimento, voltou a afirmar sua vontade de "abrir uma nova via na Europa".
"Temos que pesar os problemas que devemos enfrentar: uma dívida massiva, um crescimento débil, um desemprego elevado, uma competitividade fragilizada e uma Europa que sofre para sair da crise", disse Hollande antes do encontro com Merkel, grande impulsionadora dos programas de ajuste.
Segundo analistas, os dois dirigentes deverão buscar um compromisso e o contexto exige entendimentos, uma vez que os ajustes não têm provocado as melhoras esperadas.
A própria Merkel, cujo partido CDU sofreu no domingo uma dura derrota nas eleições regionais, admitiu ser a favor do crescimento, com a condição de evitar novas espirais de endividamento.
O secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, deu "as boas vindas a este novo debate (sobre o crescimento) na Europa".
Segundo dados oficiais divulgados nesta terça-feira, na Eurozona, formada por 17 dos 27 países da União Europeia (UE), teve no primeiro trimestre de 2012 um crescimento nulo e evitou a recessão principalmente graças à resistência da economia alemã, que cresceu 0,5% com relação ao trimestre anterior e 1,7% em comparação com o mesmo período de 2011.
O PIB da Espanha teve uma queda trimestral de 0,3% e a França registrou um crescimento nulo.
No fundo da lista está a Grécia, em recessão há cinco anos, que teve uma queda de 6,2% de seu PIB interanual e está imersa em uma grave crise após as eleições legislativas de 6 de maio, que deixaram em minoria os partidos tradicionais, partidários dos ajustes impostos pela UE e pelo FMI em troca dos planos de resgate.
"Desgraçadamente, vamos de novo para as eleições e sob condições muito ruins", disse o líder do socialista Pasok, Evangelos Venizelos, ao término de uma reunião dos principais responsáveis políticos com o presidente da Grécia, Carolos Papulias.
A Grécia conseguiu, apesar de tudo, captar nesta terça-feira 1,3 bilhão de euros em emissões de bônus a três meses, apesar de ter que pagar juros em alta, que chegaram a 4,34%, frente a 4,20% na última emissão similar de 17 de abril.
A Eurozona também tem sofrido com a fragilidade de seu setor bancário. Na segunda-feira, a agência classificadora Moody's cortou a nota de 26 bancos italianos e dos quatro principais bancos espanhóis (Santander, BBVA, CaixaBank e Bankia, que se dirige para uma nacionalização parcial), anunciaram provisões extraordinárias por um total de 11,3 bilhões de euros.
O governo espanhol se comprometeu a acelerar uma avaliação independente do banco em menos de dois meses, para o que pediu a colaboração do Banco Central Europeu (BCE).