São Paulo O salário mínimo estabelecido pelo governo federal tem grande influência na definição dos pisos salariais negociados por diversas categorias e sindicatos. A conclusão faz parte de um estudo divulgado ontem pelo Dieese, que analisou 211 acordos e convenções coletivas de trabalho negociadas no primeiro semestre deste ano. O "Balanço dos pisos salariais negociados no primeiro semestre de 2006" aponta que 70% das negociações fixaram pisos salariais a até 1,5 salário mínimo vigente na data-base da categoria. Até 1,25 salário mínimo, a proporção é de 44%.
Técnicos do Dieese explicam que os totais excedem 100% em razão da existência de casos que combinam mais de um critério de diferenciação dos pisos: valor único, função, por atividade (e carga horária), admissão/efetivação, tamanho da empresa, reajuste na vigência e localidade. De acordo com a instituição, os dados deste ano apresentam melhora sobre os de igual período de 2005, "quando cerca de um quarto das negociações analisadas previa pisos salariais que superavam o salário mínimo em até 25% e metade delas o ultrapassava em até 50%".
O Dieese defende que a maior proximidade entre os valores do mínimo e dos pisos salariais decorre do fato de os ganhos reais aplicados ao salário mínimo oficial não terem sido incorporados aos pisos salariais negociados. "Deve-se reconhecer a importância da valorização do salário mínimo como fator de elevação da renda funcional do trabalho, haja vista o impacto, imediato ou em cadeia, que os reajustes oficiais produzem sobre as faixas de remuneração inferiores."