Reação

China "fala grosso" contra protecionismo

Londres - O Brasil perderá bilhões de dólares de investimentos chineses no setor automotivo depois da elevação do IPI sobre carros importados, afirmou o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China, Charles Tang. "Novas fábricas chinesas deixarão de ser instaladas no país", previu. "Estamos na porta de uma recessão brutal e o Brasil está desperdiçando investimentos", avisou.

Tang criticou duramente o que chamou de "protecionismo antinacionalista", pois avalia que a exigência de conteúdo nacional imposta pelo governo acabará provocando o cancelamento dos planos de inauguração de novas fábricas chinesas. "Nenhuma fábrica consegue se instalar já cumprindo os 65% de conteúdo nacional logo de início", argumentou. Empresas como JAC Motors, Chery, Foton e Great Wall poderão cancelar investimentos no país de pelo menos US$ 2 bilhões, num cálculo rápido de Tang. "O Brasil vai continuar produzindo carroças e vendendo caro para os sofridos brasileiros", afirmou.

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São Paulo - O ministro do Desenvol­vi­mento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, disse ontem que o governo não pretende realizar alterações no novo regime automotivo, mas está disposto a analisar propostas de empresas interessadas em fazer investimentos no país. "Nós temos um regime automotivo novo, que contempla as empresas instaladas aqui. Evidentemente, empresas sérias que querem vir fabricar e desenvolver produtos no Brasil terão suas propostas examinadas. Mas, até o momento, não recebemos nenhuma sinalização de empresas interessadas", afirmou.

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De acordo com o ministro, a Hyundai, que pretende instalar uma fábrica em Piracicaba (SP) e deve ter dificuldades em iniciar a produção com um índice de nacionalização de 65%, ainda não procurou o governo. "No caso da Hyundai, se a fábrica entrar em operação atendendo às normas colocadas no dispositivo, ela vai ser enquadrada e terá os benefícios do regime. Mas, até o momento, não houve nenhuma procura ou sinalização por parte dela para alteração dessas medidas", afirmou.

"Monstro"

O ministro reconheceu que o sistema tributário brasileiro é "absolutamente disfuncional". "Todo mundo sabe disso, não é tão difícil fazer esse diagnóstico", disse. Pimentel defendeu que havia uma funcionalidade setorial no sistema tributário brasileiro que, hoje, não existe mais. "Agora ficou um monstro disfuncional", admitiu.

O ministro disse, porém, que nem sempre as tentativas do governo de fazer mudanças no sistema são bem sucedidas. Um dos exemplos foi a redução, por parte de alguns estados, do ICMS como forma de incentivar a circulação de mercadorias em seus portos, medida que gerou créditos para empresas no exterior. "Vocês sabem, melhor do que eu, o estrago que é feito nesse país com aquela coisa do ICMS dos portos, aquela vergonha mundial", afirmou o ministro.