O uso de bancos estatais para direcionar os rumos da economia faz parte de um modelo de desenvolvimento em que o Estado assume a tarefa de indicar os setores estratégicos para usar recursos escassos. Entre os países mais bem-sucedidos que usaram esse tipo de intervenção estão o Japão e a Coreia. Nos dois casos, a ação estatal foi decisiva para a formação de conglomerados industriais, como as coreanas Hyundai e Samsung, que estão presentes em dezenas de áreas industriais.
O modelo brasileiro levou ao surgimento de uma indústria mais pulverizada do que na Coreia e no Japão. Através do BNDES, os incentivos estatais foram direcionados para a consolidação dos setores mais importantes em um número pequeno de grupos empresariais, mas menores do que os conglomerados orientais. Na petroquímica, por exemplo, onde também há atuação pública através da Petrobras, o país tem hoje dois grandes grupos, Braskem e Quattor. "Existe no BNDES a visão de que é preciso conduzir o crescimento dos setores estratégicos mantendo um certo nível de concorrência", explica Gentil Corazza, professor de economia da UFRGS.
O BNDES é o principal braço para a implementação dos projetos de desenvolvimento do governo brasileiro. O último deles, lançado em 2008 e chamado de Política de Desenvolvimento Produtivo, foi elaborado com ajuda do atual presidente do banco, Luciano Coutinho. Ele indica quatro metas principais: aumentar o investimento, a inovação, as exportações e o número de empresas exportadoras. Sete setores, entre eles mineração e petróleo, serão incentivados para serem líderes globais, enquanto 11 áreas, entre elas a de confecções e montadoras, receberão apoio para ganhar competitividade. (GO)
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