Em todas as fases de euforia já vividas pela indústria automobilística nacional, o mercado sempre vislumbrava nuvens negras num horizonte mais ou menos próximo. A diferença, desta vez, é que poucos vêem ameaças de tempestade. "Todos os parâmetros que estão alavancando a indústria são sustentáveis", avalia Richard Dubois, da consultoria AT Kearney. O momento é tão bom que até a japonesa Toyota, uma das mais cautelosas do setor, pensa em construir uma nova fábrica no Brasil.

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Mas o desempenho das montadoras instaladas no Paraná nem sempre seguiu o ritmo da indústria nacional. No ano passado, por exemplo, a queda de 35% das exportações da maior fábrica do estado, a Volkswagen, somada a uma série de paralisações na empresa, derrubou a produção estadual em meio ao avanço brasileiro – o volume fabricado por aqui caiu cerca de 16%, segundo o site especializado Automotive Business.

Em 2007, no entanto, as paranaenses mostram uma certa recuperação. Além de ganhar com as vendas no mercado interno, elas ainda conseguiram a proeza de elevar as receitas com exportação em 24% no primeiro trimestre (veja quadro na página 1). Renault, Nissan e a fabricante de ônibus e caminhões Volvo produziram juntas quase 23 mil veículos de janeiro a março, com crescimento de 18% em relação ao mesmo período de 2006, segundo dados da Anfavea, a associação do setor. A Renault ainda vive a expectativa do lançamento do sedã Logan, na metade do ano, que pode impulsionar suas vendas.

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A Volvo, única que reduziu exportações no primeiro trimestre, logo deve faturar mais no mercado externo – a fábrica curitibana vai ajudar a abastecer os mercados europeu e americano de caminhões, já que a matriz, na Suécia, está sobrecarregada.

A Volks, que não divulga os números de sua unidade de São José dos Pinhais, também se recupera, discretamente. A produção do revitalizado Golf cresceu 10%, mas o volume fabricado é baixo perto do outro modelo feito na unidade, o Fox. Além disso, a produção do compacto – terceiro carro mais vendido do Brasil – cresce em ritmo mais lento (3%), o que reduz para cerca de 5% a estimativa de crescimento da produção da Volks nos primeiros meses deste ano. (FJ)