A crise financeira que atingiu a zona do euro e levou vários governos à beira da insolvência está "em grande parte terminada" afirmou o ex-primeiro-ministro italiano Mario Monti nesta terça-feira (21). No entanto, segundo Monti, os líderes da zona do euro ainda devem enfrentar desafios futuros para restaurar o crescimento no bloco da moeda única.
Falando a jornalistas depois de uma conferência de investidores do Deutsche Bank, Monti disse que novas crises também podem surgir nos Estados-membros da zona do euro, mas as instituições europeias estão agora melhor preparadas para lidar com elas.
Em particular, ele apontou para o poder do Banco Central Europeu (BCE) de comprar títulos soberanos no mercado secundário, o que entrou em vigor em meados de 2012.
"O simples fato de que o instrumento está lá, mesmo que nunca tenha sido utilizado, ajuda a explicar, na minha opinião, por que as taxas de juros caíram, por que os spreads sobre o bund alemão caíram muito", disse ele, referindo-se aos yields (retorno ao investidor) de bônus em países como Itália e Espanha.
Monti disse que não vê nenhum sinal de que a relativa calma nos mercados de títulos soberanos da zona do euro que prevalece desde o ano passado será interrompida em breve. Isso deve dar os formuladores de políticas da zona do euro algum espaço para se concentrarem em restaurar o crescimento econômico da região, disse ele.
O ex-premiê da Itália também disse que acredita que o novo governo italiano liderado pelo primeiro-ministro Enrico Letta não vai realizar uma reversão no conjunto de reformas fiscais que foram postas em prática durante o seu mandato.
Segundo Monti, o governo de Letta tem pouca escolha a não ser continuar com a maior parte dessas políticas se quiser cumprir restrições orçamentárias da UE, que já disse que pretende fazer. Por exemplo, a UE exige que os déficits orçamentários anuais não ultrapassem 3% do PIB.
"Não, eu não acredito que haverá uma grande inversão ou ruptura nas políticas", disse Monti. "A Itália, como todos os outros países da zona euro... tem de se manter às orientações gerais dadas pela União Europeia. O programa anunciado pelo primeiro-ministro Letta percorre muito por esse caminho."
Monti disse que não acredita que novas eleições terão de ser convocadas nos próximos seis meses, apesar de algumas divisões na nova coalizão governista. Isso ocorre em parte porque os líderes da Itália vão querer colocar uma lei de reforma eleitoral em vigor antes de qualquer nova votação, o que vai demorar mais de seis meses para ser aprovada, disse ele. As informações são da Dow Jones.