A agência de classificação de risco Moody's elevou nesta terça-feira (22) o Brasil a grau de investimento e ainda atribuiu perspectiva positiva à dívida soberana do país, citando-o como "vencedor" da crise global.

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O rating em moeda estrangeira e local subiu de "Ba1" para "Baa3", primeiro estágio na faixa considerada grau de investimento.

"A elevação reflete o reconhecimento pela Moody's de que a capacidade de absorção de choques, incluindo a capacidade de resposta das autoridades, aponta para uma melhora significativa do perfil de crédito soberano do Brasil", afirmou em comunicado Mauro Leos, vice-presidente de rating soberano da agência.

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A Moody's era a última das três principais agências de classificação de risco que ainda não classificava o Brasil como grau de investimento, o que reduz o impacto da notícia sobre os mercados financeiros.

"Evidências de robusta flexibilidade econômica e financeira, tipicamente associados a créditos com grau de investimento, podem ser vistas na rápida (breve) contração do PIB, no enfraquecimento mínimo das posições de reservas internacionais do país, na moderada deterioração dos indicadores de dívida do governo e na ausência de estresse financeiro no sistema bancário" acrescentou Leos.

Tais características, segundo a Moody's, sugerem que o Brasil é um "vencedor" se comparado aos outros países globalmente integrados classificados pela agência.

A Moody's acrescentou que o desempenho do país mostrou-se melhor que o de outros países classificados na faixa "Baa", mesmo que a economia tenha contração este ano e as contas fiscais sofram deterioração.

Outras elevações, segundo a agência, dependerão da vontade política das autoridades em remover obstáculos ao potencial econômico do Brasil. Nesse sentido, será essencial uma correção permanente ao desequilíbrio fiscal.

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MELHORA DA DÍVIDA

Para Leos, houve uma "notável melhora" na estrutura de dívida do governo, com menos exposição aos riscos de taxas de juros e câmbio.

A Moody's disse também que as condições econômicas parecem ser favoráveis para constantes reduções dos indicadores de dívida do governo, devido à perspectiva de crescimento no curto prazo e à probabilidade de que as condições macroeconômicas continuarão validando taxas de juros de um dígito.

Ainda que necessárias, essas condições podem não ser suficientes para garantir taxas decrescentes de dívida na ausência de um compromisso claro de política de metas fiscais.

"A capacidade das autoridades de implementar iniciativas que reiniciem tendências positivas nas contas fiscais será de extrema importância para assegurar uma melhora contínua no rating soberano do Brasil, dentro do grupo dos Baa", alertou Leos.

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No final da semana passada, o governo anunciou que todos os gastos com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) podem ser deduzidos do cálculo do superávit primário --o que, na prática, pode reduzir a meta fiscal para 1,56 por cento do

PIB

"Esta foi a primeira crise em que a gente conseguiu baixar os juros dando um suporte para a atividade econômica... Agora, a gente estava cauteloso, porque a Moody's olha muito a questão fiscal", observou Alessandra Ribeiro, economista da Tendências Consultoria Integrada.

"E, embora a gente tenha uma queda importante da relação dívida pública líquida com o PIB, por outro lado a gente está tendo nos últimos meses uma piora de qualidade nos gastos."

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