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O engenheiro Karlos Rischbieter morreu nesta quinta, em Curitiba | Daniel Castellano/ Agência de Notícias Gazeta do Povo
O engenheiro Karlos Rischbieter morreu nesta quinta, em Curitiba| Foto: Daniel Castellano/ Agência de Notícias Gazeta do Povo

O engenheiro Karlos Heinz Rischbieter, ex-ministro da Fazenda e ex-presidente da Caixa Econômica Federal, morreu na tarde desta quinta-feira (17), às 16h25, em Curitiba. Ele sofria de enfisema pulmonar e estava internado na UTI do Hospital Santa Cruz desde a manhã desta quinta. Rischbieter tinha 85 anos e deixa mulher, dois filhos e netos. O velório ocorrerá a partir das 8 horas desta sexta-feira (18) na Capela Vaticano, que fica próxima ao Cemitério Municipal do São Francisco, no bairro São Francisco. Seu corpo será cremado. No início da noite, o governador Beto Richa (PSDB) e o prefeito de Curitiba Gustavo Fruet (PDT) decretaram luto oficial de três dias.

Nascido em Blumenau, em Santa Catarina, em 1927, Rischbieter veio a Curitiba aos 18 anos para cursar engenharia na Universidade Federal do Paraná. Ele foi ministro da Fazenda entre 1979 e 1980, no governo João Figueiredo. Antes, foi presidente da Caixa Econômica Federal, do Banco do Brasil e do extinto Banco do Desenvolvimento do Paraná (Badep).

Durante sua permanência na Fazenda, Rischbieter instituiu o ato que suprime a incidência do Imposto de Renda na fonte sobre o 13º salário e a obrigatoriedade do recolhimento antecipado pelas pessoas físicas do imposto de renda – o que teria dado a ideia do "Carnê Leão".

Amante das artes, Rischbieter também escrevia e desenhava, e foi o principal tradutor brasileiro da obra de Rainer Maria Rilke. Ele é autor do livro "Outonal – Um Amor de Viagem pela Europa", lançado em 2011, e de Grafismos, uma coleção de suas aquarelas. Em 2010, lançou sua autobiografia, intitulada "Fragmentos de Memória".

Ele foi um defensor da democracia e da apuração rigorosa de crimes de corrupção. "A ditadura acabou só em 85, e o caminho de uma nação não é reto, é tortuoso. Cabe a nós dar a direção correta. O Paraná é um estado muito para dentro, não somos de ir para rua fazer manifestação como o carioca ou o brasiliense, mas temos que mobilizar o povo", disse em entrevista à Gazeta do Povo em 2010. O ex-ministro também atuou fortemente na implantação da fábrica da Volvo em Curitiba.

Homenagens

"Rischbieter foi de uma geração que marcou muito pela vanguarda, pelo compromisso com o país, e uma das primeiras lideranças do Paraná com projeção nacional. Ele teve uma trajetória bonita e de relevância pro estado. Ele foi ousado. E isso deve ser destacado até como incentivo àsnovas gerações."Gustavo Fruet, prefeito de Curitiba

"Rischbieter foi um dos homens públicos mais importantes na recente história do Paraná. Deixa um legado imensurável pela sua clareza intelectual e contribuiu de forma marcante em várias áreas de atuação. Uma perda irreparável ao Paraná e ao Brasil."Beto Richa, governador do Paraná

"Ele fez parte do novo Paraná que a gente viveu a partir do governo Ney Braga. Um cara do mundo, que falava francês e inglês fluentemente, traduziu o [poeta alemão] Rilke, o que não é para qualquer um. De uma fidalguia explêndida, e uma simplicidade enorme, um homem que soube exercer a compaixão no poder."Marcelo Almeida, deputado, enteado de Karlos Rischbieter.

"Ele foi uma grande inspiração para a minha vida, um grande homem público. Foi um grande marido para a minha mãe, e trouxe anos de felicidade para a nossa família. É dessa leva dos homens públicos honestos, patriotas, que deixará saudades para o Brasil. Gente que faz e não fica alardeando seus feitos."Ricardo Almeida, empresário, enteado de Karlos Rischbieter.

"Ele tinha uma série de características que foram responsáveis por seu sucesso. Um homem extremamente inteligente, correto, muito leal aos que apoiavam. Era um bom ouvinte, muito paciente, o que explica porque ele foi considerado um dos melhores presidentes do Banco do Brasil mesmo sem ser um especialista em questões bancárias. Também era muito discreto, low profile, avesso à badalação. Tentaram com que ele se candidatasse a cargos públicos, e ele sempre recusou, porque era um homem de execução. Gostava de citar o [economista] Roberto Campos, dizendo que lhe faltavam qualidades cênicas."José Pio Martins, reitor da Universidade Positivo.

"Karlos Rischbieter foi um homem que honrou o Paraná, com participação importante na economia do estado e do país. Participou de toda a reformulação do planejamento do estado durante o governo do Ney Braga. Um homem coerente e competente que se dedicou ao serviço público."Euclides Scalco, ex-presidente de Itaipu e ex-ministro.

"Uma das pessoas mais extraordinárias que já conheci, como profissional e ser humano. Mantivemos uma ligação muito estreita, em especial no governo federal, quando fazíamos parte do grupo que, conforme diziam na época, dominava as finanças do Brasil. Ele era presidente do Banco do Brasil, eu, ministro da Previdência, e o Maurício Schulman, presidente do BNH [Banco Nacional da Habitação]. O Rischbieter gostava de viajar, de ler, era muito intelectualizado, refinado. Em certos aspectos, era o típico alemão, reservado. Mas com os amigos era extremamente aberto."Reinhold Stephanes, secretário de Estado da Casa Civil.

"Acompanhei bem a vida dele. Foi um dos paranaenses que mais se projetou na vida política contemporânea. Ocupou vários cargos importantes e agiu durante o regime revolucionário com absoluto respeito à democracia. Eu mesmo recebi apoio dele contra a perseguição política na época do regime militar. O melhor deles foi o depoimento sobre a minha idoneidade para o general Euclides Figueiredo. Respeito muito a sua memória. Ele foi um dos homens de maior projeção no seu tempo."Paulo Pimentel, ex-governador do Paraná

"Éramos muito amigos e fomos contemporâneos na política. Ele assumiu a presidência do Badep durante o meu governo. Foi um grande incentivador da indústria e ajudou a atrair vários investimentos para a Cidade Industrial de Curitiba, como a fábrica da Bosch. Era um grande engenheiro, um grande técnico."Emílio Gomes, ex-governador do Paraná

"Tive o prazer de conhecê-lo lá pelos anos 70, quando ele era presidente do Badep, antes de ter projeção nacional como ministro. Ele era daqueles brasileiros com marcante importância na vida nacional. O período político em que foi ministro pode ser meio questionável, mas a competência dele é impressionável e ele sempre foi um exemplo de cidadão. Aliás, difícil encontrar cidadão desse porte hoje em dia. Curitiba, o Sul e todo o Brasil lamentamos essa perda."Judas Tadeu Grassi Mendes, economista e diretor da Estação Business School.

"Karlos Rischbieter foi fundamental para que a Volvo instalasse uma fábrica aqui em Curitiba. E como membro do conselho administrativo da empresa, durante muitos anos, teve uma atuação efetiva para o desenvolvimento dos negócios da companhia no país e para que a Volvo se transformasse no que é hoje. Lembramos com muito carinho a forma como ele sempre defendeu a empresa." Carlos Morassutti, vice-presidente de RH e Assuntos Corporativos da Volvo.

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