Com novos investimentos e palavras de otimismo em relação ao Brasil, as empresas de tecnologia parecem seguir na contramão de outros setores da economia, que têm reduzido suas apostas no mercado brasileiro. O mais recente exemplo é a Motorola, que acaba de divulgar a criação de dois centros de inovação, um deles com investimento de R$ 40 milhões, ao mesmo tempo em que dobrou o número de colaboradores nas áreas de pesquisa e desenvolvimento de 160 para hoje 350 pessoas, que trabalham tanto internamente quanto em instituições parceiras. Projetos na área também dobraram nesse período, de 15 para 30.

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As iniciativas fazem sentido em um país que se tornou o segundo mercado da empresa no mundo, ficando atrás dos EUA e à frente da Índia. Por trás desse desempenho, está o êxito do Moto G, smartphone que bateu muitos concorrentes no quesito custo-benefício e foi adotado maciçamente pelo consumidor brasileiro. O mercado de smartphones, em geral, também vende saúde: o crescimento no primeiro trimestre de 2015 foi de 33%, segundo a IDC.

A joia do novo anúncio da empresa é o lançamento de um laboratório de pesquisa, simulações e testes no Centro de Informática (CIn) da Universidade Federal de Pernambuco. O trabalho com redes 4G será um dos focos do centro. A Motorola tem a intenção de fazer o Brasil “protagonizar” testes de aparelhos para esse tipo de rede, papel que é hoje dos EUA. Segundo a empresa, são provas complexas que simulam a rede 4G que as operadoras oferecem.

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Conhecimento

A Motorola toca uma porção de projetos com institutos de pesquisa terceiros, em áreas como software embarcado, processamento de imagem, tecnologia de serviços de 4G e design. A empresa tem dois parceiros principais: o Cesar (centro de estudos e sistemas avançados do Recife), entidade que faz uma ponte entre o mercado e a área de pesquisa, e o Instituto Eldorado, ligado à Unicamp.

“Não existe hoje nenhuma empresa autossuficiente, a produção de capital humano e conhecimento é muito grande, procuramos o que tem de melhor por aí”, declarou ao Estado José Soares, diretor de desenvolvimento de produtos da empresa. O design também merece atenção entre os novos projetos. A empresa inaugurou em São Paulo o primeiro Centro de Experiência & Design de Produtos (CXD) no País, com caráter multidisciplinar.

Para coordenar o centro, que terá dez designers, a Motorola chamou o colombiano Ruben Castano. Segundo ele, o polo de design local será maior que o de Pequim, China, que conta com sete profissionais, mas ainda menor que centros nos Estados Unidos, como em Sunnyvale, Califórnia, e na sede da empresa, em Chicago.

Com tudo isso, é plausível pensar em um celular projetado no Brasil? Os executivos entrevistados não acham impossível, embora ainda seja uma hipótese remota. E enfatizam que qualquer produto tem de ser pensado globalmente, com as diferenças locais incorporadas em seus respectivos territórios.

Uma particularidade regional também pode atravessar fronteiras. No caso do Brasil, a tecnologia de seleção automática para aparelhos com dois chips é um exemplo de desenvolvimento local que teve aplicação em outros países, como na Índia. “O Brasil está na ponta da tecnologia Dual SIM (dois chips)”, diz Soares.

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