Para o presidente do Conselho Regional de Farmácia Dennis Bertolini, a prova de que a concorrência no mercado de farmácias é mais acirrada em Curitiba do que em outras capitais foi a guerra de promoções ocorrida em 2005, que terminou em determinação do Procon de que os cartazes com preços sejam afixados apenas no interior das lojas.
O presidente do Sindifarma, Edenir Zandoná Júnior, que representa todas as lojas, lembra do cenário anterior às grandes redes, restrito a poucas lojas da Minerva, Drogamed, Morifarma, entre outras, com campo para farmácias familiares, como a Água Branca, Água Verde, Falus e Vital Brasil. Grande parte não existe mais.
De lá para cá, o consumidor e as configurações do mercado também mudaram, por exemplo, com a chegada dos genéricos. Zandoná também lista o parcelamento das compras e o maior acesso à informação. "Isso diminuiu o hábito da automedicação", explica. O proprietário da Drogamed, o peruano naturalizado brasileiro, Hugo Rodriguez, também destaca a ida da mulher para o mercado de trabalho, que estimulou as compras pequenas fora de supermercado e o crescimento das drugstores.
Já a categoria dos farmacêuticos reclama que as grandes redes eliminam campo de trabalho. Os mais críticos sustentam que, a cada grande loja que abre, fecham quatro ou cinco das pequenas.
O retorno ao atendimento em loja única é a proposta de Carlos Bueno, fundador da Drogamed e Ultramed e hoje proprietário da Callfarma. "As redes operam como numa guerra, com altos custos, que prejudicam o cliente, que quer preço", diz. Para oferecer medicamentos mais baratos, ele pretende negociar com as indústrias e não trabalhar com artigos de conveniência. Ele lembra que, quando adquiriu a bandeira Minerva, em crise depois dos Planos Collor, o número de farmácias em Curitiba não passava de 300. Hoje, são 4,5 mil.
Ele percebeu o rápido crescimento da Nissei baseado nas falhas cometidas pelo grupo Fasa, que adquiriu a cadeia Drogamed em 1997. O atual proprietário e ex-funcionário da Drogamed, Hugo Rodriguez, concorda que houve um erro estratégico do Fasa, ao desprezar o potencial da Nissei. "Eles olharam a concorrência por cima do ombro, e isso foi uma ofensa que os motivou ainda mais", acredita. "Reconheço que o proprietário da Nissei é muito inteligente e motivado. Ele deu uma virada fantástica no mercado, trazendo preço baixo."
Segundo ele, outro erro cometido pelo Fasa foi reforçar a presença em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, ao invés de cuidar de Curitiba. Rodriguez também acredita que nos próximos cinco anos devem entrar em Curitiba novas cadeias paulistas. (HC)
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