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Um tipo especial de tomador de empréstimo foi a fagulha que incendiou a pólvora da crise de crédito nos Estados Unidos. Com os juros do financiamento imobiliário muito baixos, de cerca de 2% ao ano, o setor viu uma expansão sem precedentes, e o público alvo teve que ser ampliado. O financiamento então se tornou acessível à população com qualidade de crédito mais baixa – os chamado subprimes, ou "ninjas" (sigla em inglês para 'sem renda, sem trabalho, sem bens').

"Esse tomador, por ter um risco maior, paga mais juros também. O mercado se inundou de papéis lastreados naquelas operações que as pessoas de baixa renda financiaram", explica Tharcísio Santos.

Na medida em que o mercado foi se aquecendo, os imóveis foram se valorizando e abrindo aos mutuários mais uma possibilidade que no Brasil não existe, o financiamento da diferença. Com isso, um americano que tivesse financiado um imóvel de US$ 200 mil, vendo a propriedade se valorizar para US$ 300 mil, poderia tomar mais US$ 100 mil com lastro na mesma casa – recursos que foram, por vários anos, o motor do consumo do país.

Esse sistema funcionou bem durante um tempo – até que, com os juros se aproximando da casa dos dois dígitos, muita gente deixou de pagar as prestações.

"Então essas pessoas começaram a entregar os imóveis, e o fato é que de repente sobrou um monte de imóvel no mercado e o preço relativo dos imóveis caiu. Muita gente devia mais do que o valor da casa. Na hora em que o mercado como um todo reduziu, todas as operações feitas com imóveis com garantia ficaram a descoberto", explica Stempniewski.

Ou seja, em vez de dinheiro, as financiadoras ficaram com imóveis – e de valor baixo -, ficando sem recursos para pagar aqueles que tinham comprado os títulos que elas haviam emitido.

"De repente essa roda da fortuna parou. Com esses títulos espalhados, a pessoa ia resgatar um fundo, o seguro, a aposentadoria e não tinha dinheiro", aponta o professor das Faculdades Rio Branco. "As empresas resolveram ir ao mercado vender ações para fazer esse dinheiro. E isso jogou a crise para cima dos mercados de todo mundo", conclui.

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