Em meio ao anúncio das medidas do governo para reduzir os juros do rotativo do cartão de crédito, as operadoras ampliaram o volume disponível para endividamento dos consumidores. De dezembro de 2014 até novembro de 2016, o saldo teve um incremento de cerca de 38%, atingindo R$ 39,152 bilhões, conforme levantamento do Banco Central.
O aumento é proporcionalmente maior que o de outras modalidades mais seguras para as instituições financeiras, como o consignado para aposentados, que teve alta de 27% (R$ 97,838 bilhões), e para servidores públicos, de 11% (R$ 172,445 bilhões). Nos dois casos, a cobrança é feita na folha de pagamento.
O rotativo do cartão é o juro cobrado sobre o valor restante do pagamento mínimo da fatura e possui hoje o valor mais elevado do mercado. Segundo o BC, a modalidade alcançou em novembro passado uma taxa de 482,1% ao ano, a maior desde março de 2011. A linha de crédito, porém, apresenta mais risco de inadimplência.
Crédito parcelado
Os juros do crédito parcelado fecharam novembro de 2016 em 155%, de acordo com levantamento do Banco Central. Uma medida do Governo Federal deve converter o rotativo em parcelado após 30 dias, o que irá reduzir as taxas cobradas aos consumidores que optaram por pagar o mínimo da fatura.
No mesmo período do ano passado, o número de devedores que não honraram as suas dívidas no cartão foi de 35,6%, o nível mais alto entre as modalidades de crédito livre para pessoa física.
Já o crédito renegociado, que é a linha para a qual os devedores do rotativo e de outras modalidades são direcionados, registrou uma inadimplência de 18,4%. O aumento no volume disponível para esta opção teve a segunda maior alta no mês, de 30% (R$ 29,227 bilhões).
Queda
Para reduzir a cobrança do rotativo, o presidente, Michel Temer, e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, anunciaram no fim do ano passado a conversão automática da modalidade para o crédito parcelado após um período de 30 dias, com a possibilidade de pagamento em até 24 meses.
Com isso, a expectativa é que o governo corte os juros para mais da metade, diminuindo a pressão das taxas sobre o orçamento familiar e incentivando o consumo. A medida depende da criação de uma norma pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e é avaliada de forma positiva pelo setor financeiro.
Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito (Abecs), Marcelo Noronha, disse que a mudança tem o potencial de levar os juros ao patamar de até um dígito por mês, o que reduzirá a inadimplência do setor e aumentará a capacidade de as famílias pagarem as dívidas.
O cartão oferece aos usuários um crédito pré-aprovado de fácil acesso, que pode ser usado sem a necessidade de liberação nas agências. Já o rotativo é visto pelos bancos como uma linha emergencial, o que, segundo as instituições, justifica a cobrança de preços mais elevados em relação às demais modalidades.
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