O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, disse nesta segunda-feira (27), durante participação em evento realizado pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças em Campinas (a 95 quilômetros de São Paulo), que o governo brasileiro não vai socializar os prejuízos das empresas que perderam com operações de derivativos cambiais. "Quero deixar bem claro que o BNDES não está fazendo operações de socorro. O BNDES não é hospital. Nós não estamos bancando prejuízo", afirmou. "Quando afirmei na sexta (24) que o BNDES atuaria para apoiar as empresas que estavam perdendo com operações com derivativos eu deixei muito claro que as empresas que tiverem prejuízo terão de arcar com eles. É algo difícil que terão equacionar com o sistema bancário privado, que já se mostrou disposto a refinanciar", disse Coutinho.
O economista afirmou que o papel do BNDES será, após as empresas equacionarem seus prejuízos, de ajudar e examinar tipos de reforços a programas de exportação e expansão das empresas exportadoras afetadas por essas operações. Mas sem taxas ou operações privilegiadas e dentro das condições de mercado, disse o presidente da instituição. "Eu não posso falar de apoio nem forma de apoio a nenhuma empresa de capital aberto, porque estaria infringindo normas de governança", lembrou. "Todas essas operações serão nas condições de mercado. O que não podemos deixar de fazer é apoiar empresas que, tendo amargado prejuízos e equacionado - portanto não há nada de bancar prejuízos - não fiquem travadas e possam continuar contribuindo para o crescimento do país, da exportação e mantendo minimamente seus planos de investimento", afirmou.
Coutinho afirmou que o País tem fundamento econômico para passar por possíveis reflexos da crise internacional e estimou um crescimento econômico de até 4% em 2009, ante aos 5,5% previstos por ele para este ano. "Acho que o crescimento está mais pra 4% que pra 3,5% (em 2009). O Brasil tem condições de ultrapassar esse momento mais difícil porque temos uma economia muito sólida, temos um sistema bancário ultra-sólido, temos uma sociedade com capacidade de consumo, melhorou a distribuição de renda, temos um sistema empresarial sólido, rentável, que vai poder absorver essas perdas e continuar crescendo", disse. "Há uma discussão muito firme do governo de sustentar o PAC, de sustentar o investimento em infra-estrutura, e essa sustentação dos investimentos dará o suporte mínimo para o crescimento da economia brasileira. De maneira que a gente precisa ficar tranqüilo, deixar a ansiedade passar."
Coutinho reiterou ainda que o BNDES continua a operar linhas de apoio a investimentos, inovação tecnológica, infra-estrutura - consideradas prioridades. "O que fizemos de novo e já foi anunciado foi a ampliação da linha de pré-embarque (para US$ 5 bilhões) para apoiar a exportação de manufaturados e de bens de capital", disse