É comum que um ministro tente inspirar otimismo entre cidadãos e empresários. Mas o titular da pasta do Trabalho, Manoel Dias, vai além. Em sucessivas declarações nos últimos meses, ele tem defendido que a crise econômica não existe; ela seria, na verdade, uma invenção da oposição e da imprensa para desestabilizar o governo.
Sobre as demissões no mercado formal – 244 mil postos de trabalho foram fechados no país de janeiro a maio, 116 mil apenas no mês passado –, Dias argumenta que elas são fruto do clima pessimista criado por quem discorda do governo. No começo do mês, por exemplo, ele disse o seguinte: “Não tem crise. Nós temos dificuldades, ajustes. A crise é política. Tentam criar uma crise política”.
Confira abaixo uma seleção de declarações do ministro e veja se você concorda com ele:
Eu sou sempre otimista e não acho que está tão ruim quanto querem. Há uma campanha deliberada da grande mídia de oposição, que cria um ambiente de dúvida acumulado com essa corrupção que está sendo desvendada.
A crise é mundial, não é uma exclusividade do Brasil. E o governo está tomando providências para recuperar o emprego, sem prejuízo de investimentos nos programas sociais. Vivendo momentos de dificuldade, mas não [estamos] diminuindo o número de empregos. No ano passado, geramos mais 400 mil empregos e esperamos, para maio e junho, a retomada do número de postos de trabalho.
Essa onda afeta as pessoas, mas com essa onda de que o Brasil vai acabar, ele posterga, o mesmo vale para quem ia comprar um apartamento e isso também afeta o empresário.
Apesar de toda a dificuldade, diante do momento em que vivemos e um discurso de que nós estaríamos vivendo momento difícil, o Caged mostra recuperação. (...) Tivemos um janeiro negativo, um fevereiro que estabilizou e março já geramos emprego. A expectativa é de um abril ainda melhor.
O trabalhador votou errado, porque não tinha consciência política e ideológica de que cada um tem o seu lado.
Quem pretende empreender, desiste e não contrata, o que se reflete no mercado de trabalho.
Quem está em crise hoje é o mundo. Não somos nós.
Há um discurso pessimista e que assusta a população. Porque a crise política é que afeta a econômica. As pessoas se assustam e postergam às vezes a compra de um carro, de um apartamento. Não tem crise. Nós temos dificuldades, ajustes. A crise é política. Tentam criar uma crise política.
Um país que criou 23 milhões de empregos, se fecha 200, 300 [mil], não é nada. Estão fazendo uma campanha pessimista, dizendo que o país acabou.