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Nem os CEOs vão escapar à automação no mercado de trabalho

Ilustração: Felipe Lima | /
Ilustração: Felipe Lima (Foto: /)

Quando se pensa em máquinas no ambiente de trabalho, a imagem mais comum que vem à mente são os robôs no comando de linhas de produção. Esqueça isso. A tecnologia não vai afetar apenas o chão de fábrica. A verdade é que nem mesmo os CEOs das empresas vão escapar à automação no mercado de trabalho nas próximas décadas. Ao menor sinal de redução de oferta de mão de obra, as empresas terão como adotar tecnologias que substituem humanos.

Uma pesquisa da consultoria McKinsey com 58 países que concentram 78% da força de trabalho global mostra que praticamente nenhuma carreira está totalmente a salvo da automação. Nos próximos 40 anos, até 2055, metade das atividades de trabalho realizadas hoje poderão ser automatizadas considerando a tecnologia atual e da próxima década. A automação vai impactar até o topo do mercado de trabalho – um quarto do trabalho dos CEOs, como, por exemplo, analisar relatórios e dados para tomar decisões, já poderia ser substituído por máquinas capazes de processar dados e emitir conclusões.

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A boa notícia para nós, humanos, é que poucas ocupações – menos de 5% – são candidatas à automação completa. A maioria das profissões tem potencial de automação parcial, uma vez que apenas uma parte de suas atividades poderá ser automatizada. Nesse sentido, as máquinas tendem a avançar mais em funções que envolvem coleta e processamento de dados e trabalho físico em ambientes altamente previsíveis, como o chão das fábricas, onde as mudanças são relativamente fáceis de antecipar.

Um exemplo é emblemático. Em 2016, os EUA atingiram um recorde graças à automação, segundo reportagem do The New York Times . O país produziu 85% mais bens do que em 1987, mas com apenas dois terços do número de trabalhadores. Depois da indústria, o setor de serviços é nova fronteira onde a automação mais avança no mundo, com destaque para uma área em especial: serviços de acomodação e alimentação. Cada vez mais, restaurantes e hotéis mundo afora usam as máquinas como uma opção para preparar, cozinhar ou servir comida e bebidas; fazer limpeza; recolher pratos sujos.

“As profissões muito previsíveis e focadas em análise de dados tendem a desaparecer. Nos próximos anos, veremos um retorno das ocupações pautadas pelo relacionamento e atenção às pessoas, aos clientes”, avalia o sócio da KPMG, Fernando Aguirre. Segundo ele, a relação de complementariedade entre homens e máquinas vai predominar no mercado de trabalho do futuro. “A grande vantagem, nesse ponto, é que as novas gerações já são mais familiarizadas com a tecnologia, o que tende a facilitar o processo de integração”, acrescenta.

Embora as máquinas já estejam entre nós e avancem cada vez mais em abrangência e inteligência, a automação não vai se consolidar do dia para a noite. O potencial técnico para automação difere dramaticamente entre setores e atividades e é apenas um dentre vários fatores determinantes para o avanço das máquinas no mercado de trabalho, a maioria deles de ordem econômica. Além do próprio custo da automação, com o desenvolvimento e implantação de hardware e software, têm o preço e a disponibilidade de mão de obra humana. Afinal, porque alguém investiria em automação em um cenário de trabalhadores mais abundantes e baratos?

A maioria dos benefícios da automação, contudo, pode vir não da redução de custos da mão de obra, mas sim do aumento da produtividade. A pesquisa da McKinsey sugere que a automação futura poderia aumentar o crescimento da produtividade global de 0,8% a 1,4% por meio da diminuição de erros, maior produção, qualidade, segurança e velocidade. Outro aspecto importante, segundo Aguirre, é o do envelhecimento da população. “Se olharmos no espectro global, a população ativa mundial começa a diminuir. A automação também compensar o envelhecimento”.

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