O nível de emprego na indústria cresceu 2,5% em junho em relação ao mesmo mês do ano passado, perfazendo 24 meses de crescimento nessa base de comparação. Neste ritmo, o emprego industrial cresceu 2,7% no primeiro semestre, a maior expansão já apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde 2002. A folha de pagamento real dos trabalhadores também está em ascensão: 0,2% em relação a maio; 6,7% na comparação com junho de 2007; e 6,5% no acumulado primeiro semestre.
Segundo a economista Isabella Nunes, da coordenação de indústria do instituto, o bom desempenho do mercado industrial está refletindo o nível elevado de produção do setor e está sendo puxado pelos segmentos que são destaque na atividade, como máquinas e equipamentos, material de transporte e produtos eletrônicos.
Em comparação com junho do ano passado, o nível de emprego cresceu 10,3% no setor de máquinas e equipamentos; 9,9% no de meios de transporte; 12,4% no setor de máquinas, aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações; e 3,1% em alimentos e bebidas. No semestre, os principais destaques foram as atividades de máquinas e equipamentos (12,6%), meios de transporte (10,8%), máquinas, aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (12,9%) e alimentos e bebidas (3,1%).
Por outro lado, Isabella disse que os segmentos mais empregadores da indústria, como calçados e vestuário, prosseguiram com resultados negativos na ocupação no primeiro semestre, o que impede um crescimento ainda mais vigoroso do emprego industrial. Em relação a junho do ano passado, os principais destaques negativos foram: calçados e artigos de couro (-9,4%), vestuário (-6,3%) e têxtil (-6,1%). No semestre foram: calçados e artigos de couro (-11,1%), vestuário (-5,0%), madeira (-8,2%) e têxtil (-5,4%).
Apesar da influência negativa desses segmentos, Isabella observou que cerca de 70% da indústria apresenta crescimento no emprego. Na comparação com junho do ano passado, por exemplo, 10 dos 14 locais e 12 dos 18 setores pesquisados aumentaram o número de trabalhadores na indústria. Os principais destaques regionais foram São Paulo (3,6%), Minas Gerais (5,3%) e região Norte e Centro-Oeste (4,1%).
Já no primeiro semestre, em termos regionais, houve índices positivos em 11 locais e as principais contribuições positivas vieram de São Paulo (4,1%), Minas Gerais (3,7%) e região Norte e Centro-Oeste (3,5%), enquanto Ceará ficou estável (0,0%) e as pressões negativas vieram do Espírito Santo (-1,9%) e de Santa Catarina (-0,4%).
Sobre os resultados do emprego industrial relativos a junho, Isabella ressaltou que é "consistente" o cenário revelado pelo crescimento consecutivo apurado há 24 meses na comparação com igual mês do ano anterior. Na comparação com o mês anterior, Isabella explicou que a expansão da ocupação de 0,5% é uma "estabilidade" que responde aos resultados da produção industrial de janeiro a maio deste ano, quando o setor ficou estável em patamar elevado.
Segundo ela, a aceleração nos resultados industriais de junho só vai rebater na indústria se for confirmada como tendência e daqui a cerca de três meses, tempo mínimo de defasagem dos reflexos de atividade no mercado de trabalho.