Os reservatórios das hidrelétricas do Sudeste/Centro-Oeste seguem a trajetória de recuperação verificada ao longo das últimas semanas. Dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) mostram que os reservatórios fecharam neste domingo (27) com 34,8% da capacidade total de armazenamento, representando um acumulo de seis pontos porcentuais no nível de água armazenada no mês de janeiro. A despeito dos sinais de melhora, as térmicas continuarão funcionando a plena capacidade. Para esta semana, a previsão do ONS é de que as termelétricas produzam 14 mil MW médios, sendo 5 mil MW médios gerados fora da ordem de mérito (das usinas mais baratas para as mais caras).
Para a semana vigente, o operador trabalha com a previsão de fortes chuvas nas bacias das regiões Centro-Oeste e Norte e na bacia do Rio Paranaíba, além de precipitações significativas na região Nordeste nos primeiros dias da semana. Deste modo, a expectativa do ONS é de que o nível dos reservatórios das usinas no Sudeste/Centro-Oeste entre em fevereiro com 35% da capacidade total e fechem a primeira semana de fevereiro em 37,5%. A melhora das afluências, inclusive, teve reflexo positivo nos principais indicadores de referência dos agentes do setor elétrico brasileiro para esta semana.
O custo marginal de operação (CMO), que mede o custo para atender um MWh de demanda, caiu 36,2% esta semana no subsistema de Sudeste/Centro-Oeste, de R$ 477,81/MWh para R$ 304,56/MWh. O preço de liquidação das diferenças (PLD), usado como referência para os agentes nos contratos de curto prazo, também recuou 36% nesse mesmo subsistema, passando de R$ 479,82/MWh para R$ 307,52/MWh. No Norte e Nordeste, a queda no PLD foi de 39%, de R$ 478,49/MWh para R$ 290,91/MWh. Essa redução é uma boa notícia para os clientes livres, distribuidoras e geradoras que estão expostos ao mercado spot e que precisam comprar energia para recompor lastro e cumprir os contratos.
Outro subsistema que também dá sinais de recuperação é o Nordeste. No domingo, o nível dos reservatórios das usinas da região fechou em 31,1%, 1,3 ponto porcentual superior ao verificado há uma semana. No entanto, o volume armazenado ainda se encontra 1,1 ponto porcentual abaixo do registrado no dia 31 de dezembro de 2012. A expectativa do operador é de que os reservatórios da região encerrem a primeira semana de fevereiro com um nível de armazenamento de 31,7% da capacidade total. A recuperação dos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste é uma boa notícia para o setor, uma vez que essas áreas concentram quase 90% da capacidade de armazenamento das hidrelétricas brasileiras.
Expansão da geração
No Programa Mensal de Operação (PMO) do mês de fevereiro, o operador atualizou as premissas para a expansão da geração em 2013. Destaque para a postergação na entrada em operação comercial de 600 MW da usina Santo Antônio, do Rio Madeira (RO). Seis turbinas da hidrelétrica que entrariam em funcionamento entre janeiro e março passaram para abril, de modo a compatibilizar o cronograma do empreendimento com a entrada em operação da linha de transmissão que escoará a energia para o Sudeste. Também chama a atenção a revisão da capacidade instalada de Tucuruí, que passou de 8,37 mil MW para 8,535 mil MW.
Outro detalhe relevante foi a reinclusão da usina William Arjona (206 MW) no planejamento do ONS. Esta termelétrica havia sido excluída pelo operador da oferta do sistema após a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) suspender a operação da térmica com o gás natural em dezembro de 2012 até que o suprimento do combustível fosse equacionado entre a MSGás, a Petrobras e a Tractebel, dona do ativo. Como a retomada da operação foi autorizada pela Aneel na semana passada e a MSGás restabeleceu o fornecimento de gás, a usina voltou a ser despachada pelo ONS. No domingo, William Arjona gerou 135 MW médios para o sistema elétrico.
No que diz respeito à previsão de chuvas, o ONS afirmou que a análise de consenso elabora pelo Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/INPE) indica precipitação entre a média e acima da média no Sul do País para o trimestre fevereiro/março/abril. Já na bacia do Rio Parnaíba e no trecho da bacia do rio São Francisco próximo da usina Sobradinho, a previsão é de chuvas na média ou abaixo média histórica. No resto das bacias do País, inclusive as do Rio Grande e Paranaíba, as principais para o setor elétrico, a estimativa é de chuvas próximas da média histórica.