Samantha Hess, do Cuddle Up To Me: ela diz que abriu a empresa depois de perceber como a falta de contato humano pode ser debilitante.| Foto: Reprodução

Muita gente dá abraço grátis por aí, mas nos Estados Unidos há quem ganhe dinheiro oferecendo afeto a desconhecidos. Não se trata de sexo pago, garantem os profissionais do ramo. É só calor humano mesmo, por algo entre US$ 55 a US$ 80 a hora, conforme o caso.

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Na Cuddle Up To Me (algo como “aconchegue-se comigo”), que fica em Portland, Oregon, uma hora abraçado “de conchinha” sai por US$ 60 (quase R$ 230). Uma noite de carinho – nada sexual – sai por US$ 300. Os casais que quiserem aprender a técnica pagam US$ 120 por uma “sessão guiada” de duas horas.

Essa empresa, uma prestadora de serviços de contato humano, por assim dizer, foi criada em 2012 por Samatha Hess, descrita como uma “máquina de abraçar” por uma reportagem do jornal USA Today.

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Além de apresentar Samantha e suas três funcionárias, bem como os quartos supostamente aconchegantes onde os serviços são prestados, o site da Cuddle Up To Me tem uma série de mensagens falando da importância do toque.

A equipe do Cuddle Up To Me: fundadora diz trabalhar para que “todos saibam que são amados do jeito que são”. 

“O toque tem o poder de confortar quando estamos tristes, de curar quando estamos doentes, de encorajar quando nos sentimos perdidos e, acima de tudo, nos permite aceitar que não estamos sozinhos”, diz um dos textos.

Em seu perfil no site, Samantha relembra uma série de experiências ruins que enfrentou desde a infância e conta que decidiu abrir a empresa depois de perceber como a falta de contato humano pode ser debilitante.

“Trabalho todos os dias de minha vida para ter certeza de que todos saibam que são amados e aceitos do jeito que são”, conta a empresária, autora do livro Touch: The Power of Human Connection (“Toque: O poder da conexão humana”), à venda no site.

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Mercado

É razoável supor que a maioria das pessoas prefere receber carinho sem ter de pagar por isso. A esse argumento, Samantha já respondeu que, grosso modo, as pessoas não dão o devido valor ao que é de graça.

A própria existência da Cuddle Up To Me comprova que existe mercado para o afeto pago. A empresa de Portland não está sozinha. Hoje existem pelo menos 20 companhias do gênero em 16 estados norte-americanos, segundo reportagem do site Priceonomics.

A maioria emprega cudlers de ambos os sexos, que atendem tanto homens quanto mulheres. No caso da Cuddle Up To Me, a clientela é bem dividida: metade do sexo masculino e metade, feminino, com idades que variam dos 20 aos 75 anos.

Suspeitas

Um dos quartos da Cuddle Up To Me: estabelecimentos do gênero são suspeitos de servir de fachada para prostituição. 

Se a atividade de vender calor humano está aquecida, não se pode dizer que ela cresça sem obstáculos. Em 2013, a Snuggle House (algo como “Casa do Carinho”), de Madison, Wisconsin, decidiu fechar as portas apenas três semanas depois de comprar um imóvel para se instalar.

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Promotores locais fizeram de tudo para impedir a abertura, alegando “graves preocupações” com as reais intenções do negócio. Eles desconfiavam que a casa serviria de fachada para prostituição e alegaram riscos à segurança das cudlers, por mais que a casa fosse equipada com câmeras e botões de pânico.

“Não há como não ocorrer abuso sexual. Sem ofensas, mas eu não conheço nenhum homem que queira apenas se aconchegar”, disse na época uma promotora assistente. Em resposta, a editora de um site especializado em relacionamentos argumentou que esses homens tanto existem que alguns pagam prostitutas apenas para conversar ou receber algum tipo de afeto, sem relação sexual.

À parte as suspeitas de prostituição e temores em relação à segurança dos profissionais do abraço e similares, há dúvidas sobre a viabilidade econômica do negócio. Ao Priceonomics, Samantha Hess disse trabalhar em média 80 horas por semana, e que o faturamento é suficiente apenas para cobrir o aluguel (US$ 4 mil por mês) e a remuneração das funcionárias, que ganham US$ 20 por hora de carinho.