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O Banco Central (BC) avalia que qualquer movimento de flexibilização monetária adicional ao que foi feito até agora ainda deve ser conduzido com parcimônia. A análise consta da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) da última reunião, que levou a Selic a 8,50% ao ano, a menor taxa da história, e que deu início ao gatilho das novas regras da poupança. O documento foi divulgado nesta sexta-feira pela autoridade monetária.

Assim como na ata anterior, o BC salientou que, mesmo considerando que a recuperação da atividade venha ocorrendo de forma mais lenta do que se antecipava, o Copom entende que, dados os efeitos cumulativos e defasados das ações de políticas implementadas até o momento, qualquer nova ação requer parcimônia.

A ata do Copom salientou que o colegiado ponderou, em sua decisão de levar a Selic a 8,50% ao ano, que a oferta de poupança externa e a redução no seu custo de captação têm contribuído para a redução das taxas de juros domésticas, inclusive da taxa neutra. A oferta de poupança e a redução em seu custo, na avaliação do Copom, são, em grande parte, "desenvolvimentos de caráter permanente". "O Copom entende que ocorreram mudanças estruturais significativas na economia brasileira, as quais determinaram recuo nas taxas de juros em geral, e, em particular, na taxa neutra", trouxe a ata.

De acordo com o colegiado, apoiam essa visão, entre outros fatores, a redução dos prêmios de risco, consequência direta do cumprimento da meta de inflação pelo oitavo ano consecutivo, da estabilidade macroeconômica e de avanços institucionais. "Além disso, o processo de redução dos juros foi favorecido por mudanças na estrutura dos mercados financeiros e de capitais, pelo aprofundamento do mercado de crédito bem como pela geração de superávits primários consistentes com a manutenção de tendência decrescente para a relação entre dívida pública e PIB."

Para o Comitê, todas essas transformações caracterizam-se por um elevado grau de perenidade, embora, em virtude dos próprios ciclos econômicos, reversões pontuais e temporárias possam ocorrer. Elas também contribuem para que a economia brasileira hoje apresente sólidos indicadores de solvência e de liquidez.

Demanda doméstica

O Copom avalia que a demanda doméstica tende a se apresentar robusta, especialmente o consumo das famílias, em grande parte devido aos efeitos de fatores de estímulo, como o crescimento da renda e a expansão moderada do crédito.

Assim como na ata da reunião anterior, o Comitê acredita que esse ambiente tende a prevalecer neste e nos próximos semestres, quando a demanda doméstica será impactada pelos efeitos das ações de políticas recentemente implementadas, que, de resto, são defasados e cumulativos. O colegiado ponderou também que iniciativas recentes reforçam um cenário de contenção das despesas do setor público.

Os diretores comentaram que o ainda frágil cenário internacional se apresenta como importante fator de contenção da demanda agregada. "Esses elementos e os desenvolvimentos no âmbito parafiscal são parte importante do contexto no qual decisões futuras de política monetária serão tomadas, com vistas a assegurar a convergência tempestiva da inflação para a trajetória de metas", trouxe o documento.

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