Em um cenário de desaceleração e resultados desanimadores para os mais variados setores, empresários e entidades veem crescer o interesse –e a necessidade – por iniciativas para desburocratizar processos, melhorar a produtividade e conquistar novos mercados. No Paraná, novas plataformas e players têm transformado o ecossistema de inovação e contribuído para gerar um ambiente fértil para o surgimento de startups e a reinvenção de empresas “tradicionais”, tanto em Curitiba quanto no interior do estado.
Casa no São Francisco quer ser lar de startups
Antes usada como estúdio fotográfico, a imponente residência de dois andares na Rua Desembargador Vieira Cavalcanti, no bairro São Francisco, se prepara agora para ser o novo lar das startups de Curitiba. O espaço alugado deve começar a receber, a partir de maio, jovens empreendedores da cidade em busca de um espaço para trabalhar, fazer contatos e
Leia a matéria completaUma das iniciativas mais recentes foi a instalação, semana passada, de um novo Centro de Inovação da Microsoft em Curitiba, que funcionará em parceria com a PUCPR e o estúdio de games Signum – o primeiro espaço surgiu em outubro de 2013, com o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar). No Brasil, a gigante de tecnologia tem 13 centros em funcionamento e, além de Curitiba, apenas Recife, no Pernambuco, possui mais de um.
Para o diretor de inovação e novas tecnologias da Microsoft Brasil, Richard Chaves, a escolha não foi à toa. “Percebemos todo um ecossistema entrando em ebulição em Curitiba e região, com um movimento empreendedor forte. Curitiba, ao nosso ver, tem à mão todos os elementos para se tornar um polo de tecnologia e ser um celeiro de startups, como aconteceu com Recife”, cita. A intenção do Centro de Inovação é oferecer cursos gratuitos de capacitação e sediar eventos de tecnologia, além de servir de ponte entre empresas e profissionais da área.
Incubação
A Incubadora do Centro Internacional de Inovação do Senai está com as inscrições abertas até o dia 13 de abril para a seleção de empresas interessadas em incubação. Serão selecionadas até quatro empresas na modalidade “residente” e cinco na “não residente”. O resultado será divulgado no dia 28 de maio. Os setores de negócios a serem incubados devem ser relacionados a Tecnologia de Informação e Comunicação, Biotecnologia, Energias Renováveis e Eficiência Energética, Nanotecnologia, Cadeia Produtiva de Petróleo e Gás, Eletroquímica e demais negócios que tenham características inovadoras. O edital pode ser acessado pela internet, no link http://bitly.com/1ChWFz3.
Em outra frente, institutos locais têm firmado parcerias com órgãos federais e estaduais para desenvolver ações voltadas à inovação, tanto com ajuda financeira quanto por meio de mentorias. O Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec) fechou um contrato de pesquisa e desenvolvimento (P&D) com a Embrapii no início deste ano para um projeto de eletrônica embarcada que envolve caminhões da Volvo que atuam na área agrícola. Ao mesmo tempo, a Fomento Paraná e a Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assespro-Paraná) preveem tornar disponível até o fim do ano a contratação de R$ 10 milhões em financiamentos para projetos voltados à inovação e ao desenvolvimento tecnológico no estado.
Outro programa coordenado pelo Tecpar, que atendeu 600 empresas de 96 cidades paranaenses, chegou à fase de encerramento neste mês já com uma fila de espera. A Rede de Extensão Tecnológica, projeto proposto em nível nacional pelo governo federal, atendeu micro, pequenas e médias empresas com foco na melhoria de processos, produtos e serviços por meio da inovação – não necessariamente envolvendo a implantação de novas tecnologias. A empresa de produtos naturais Yerbalatina, de Colombo, recebeu apoio para qualificar seus alimentos em padrões internacionais e conseguiu autorização para entrar no mercado dos Estados Unidos – o que fez a empresa incluir nos planos deste ano o aumento de seu parque fabril, hoje instalado em uma área construída de 2,5 mil metros quadrados.
“As empresas paranaenses têm intenção de inovar, não necessariamente de forma disruptiva, mas em relação a produtos ou processos. Há uma disposição dos empresários, desde que eles sejam levados a acreditar que isso dará resultados”, afirma a gerente do Tecpar e coordenadora da Rede de Extensão, Ana Cristina Francisco. A intenção é abrir uma nova rodada de atendimentos no ano que vem.
Aceleradoras dão “empurrãozinho”
Parte fundamental de qualquer ecossistema de inovação, novas aceleradoras também têm aportado em Curitiba para atender empreendedores da capital e de todo o estado, que procuram apoio para se posicionar no mercado.
A PUCPR lançou sua própria aceleradora, a Hot Milk, que, em menos de seis meses, já conta com mais de 50 empresas pré-aceleradas, incluindo startups avaliadas em mais de R$ 2,5 milhões. A Hot Milk lançou recentemente uma filial em Palhoça (SC) e pretende expandir sua atuação para Florianópolis e outras cidades do interior de Santa Catarina e do Paraná, além de atuar em conjunto com o novo Centro de Inovação da Microsoft instalado na PUCPR.
Mês passado, a MidStage Ventures, reconhecida por um estudo da Fundacity como a segunda aceleradora mais ativa do Brasil, anunciou a escolha de Curitiba para servir como base para atender o Sul do país. Com sede em Vitória e Los Angeles, a MidStage participa atualmente do desenvolvimento de mais de 20 startups dos EUA, Europa e Brasil, incluindo a PsiControle, de Maringá, que desenvolveu uma plataforma de gestão em nuvem para consultórios psicológicos.
Para o presidente do Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP), Sandro Nelson Vieira, a vinda desses novos atores e a disseminação de uma cultura empreendedora, por meio de iniciativas de grupos privados, como os escritórios de coworking e movimentos como o Startup Grind, fortalecem o cenário local, embora ainda haja barreiras a transpor – principalmente no que se refere a políticas públicas de apoio e investidores privados interessados em aplicar em startups. “Quando falamos de empreendedorismo inovador, não se pode ter aversão ao capital de risco. É preciso trabalhar a cultura dos nossos investidores para um entendimento do que é risco, porque o capital existe de fato. Nesse sentido, estamos atrasados”, avalia Vieira.
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