Para quem quer financiar um carro, a dica é aguardar pelo menos até a próxima semana para conferir se os juros melhoraram| Foto: Gilberto Abelha/JL

Pouca informação nos bancos privados

Mesmo com a adesão de bancos privados à redução de juros anunciada pela Caixa Econômica e Banco do Brasil, algumas informações ainda são bastante desencontradas nas agências bancárias, mesmo no que se refere às antigas taxas. Ao visitar agências dos quatro principais bancos privados em Curitiba – Bradesco, Itaú Unibanco, HSBC e Santander –, a reportagem da Gazeta do Povo constatou que algumas delas não sabiam informar sobre sua nova prática de juros. Algo que também ocorre nos bancos públicos, como mostrou reportagem da Gazeta na última terça-feira.

Tanto no HSBC quanto no Itaú, as simulações e informações mais precisas de crédito pessoal e financiamentos são condicionadas à abertura de conta e à análise do perfil do interessado. Sem isso, nada mais é informado sobre o corte nas taxas.

No Santander, as novas taxas de juros para empresas foram informadas, e também foi possível fazer uma simulação de financiamento de veículo, com juros variando entre 1,6% e 1,7% ao mês. Mas as novas condições para pessoas físicas só contemplam o cheque especial e quem já é cliente do banco. A taxa do cheque especial informada nas agências foi de 9,9% ao mês e a do crédito pessoal, de 3,3%.

Funcionários do Brades­co, por sua vez, já orientam para que o cliente volte à agência a partir da semana que vem, quando novas taxas com melhores condições estarão consolidadas e os prazos para concessão dos empréstimos da nova tabela estarão determinados.

Com os anúncios, algumas pessoas já estão pesquisando nos bancos as melhores condições para empréstimo e concessão de crédito. "Cotei financiamento para um carro, mas as taxas ainda estão muito parecidas, mesmo comparando com Caixa e Banco do Brasil. Não encontrei nenhum banco que me oferecesse taxas menores do que 1,5% ao mês", diz o engenheiro de produto Ronei Limeira.

O desencontro de informações ainda confunde os interessados. "O que os bancos querem é que a gente abra uma nova conta com eles. Antes disso, é difícil saber exatamente em quanto ficam os juros dos créditos", conta Marli Rosário, que estuda um empréstimo pessoal para concluir uma obra na sua casa.

Só para clientes

Em agências do HSBC e do Itaú, só depois de abrir uma conta o interessado tem acesso a simulações e informações mais precisas sobre taxas de juros.

Colaborou Pedro Brodbeck, especial para a Gazeta do Povo.

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Selic cai a 9% e Brasil já não tem a maior taxa real do mundo

O Comitê de Política Mo­netária do Banco Central (Co­­pom) anunciou ontem a redução de 0,75 ponto porcentual na taxa básica de juros, a Selic. Com a decisão, que foi unânime, a taxa caiu para 9% ao ano.

Leia matéria completa.

Ainda que o governo federal tenha se apoiado na alta lucratividade do setor bancário para declarar guerra ao chamado spread – diferença entre o que os bancos gastam para captar recursos e o quanto cobram para emprestá-los aos clientes –, não deve se furtar de resolver a questão da inadimplência e da tributação do sistema, que ajudam a pressionar as taxas para cima.

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Mesmo que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, diga que as instituições não precisam de mudanças no sistema financeiro para baixarem suas taxas, analistas avaliam que o governo tem, sim, de fazer sua parte.

"O governo tem todo o direito de discutir a alta lucratividade do setor bancário, mas não pode se furtar de resolver parte do problema do spread que também lhe cabe: a inadimplência e a tributação dos empréstimos. Se isso não for feito, a pressão por meio da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil é marginal, não uma revolução", observa o professor do Ibmec Belo Horizonte Reinaldo Nogueira. A inadimplência corresponde a um terço do spread e os tributos, a pouco mais de 20%, segundo dados do Banco Central referentes a 2010.

O que as instituições privadas pedem, basicamente, é a possibilidade de poder executar dívidas mais rapidamente, retomando bens de forma mais fácil e ampliando condições facilitadas à renegociação de dívidas. Hoje, os débitos de até R$ 30 mil em renegociação têm os impostos parcelados junto com as novas prestações. Acima desse valor, o imposto é cobrado integralmente no início da renegociação. Não há qualquer posicionamento oficial até o momento, por parte de Mantega e sua equipe, de que as reivindicações apresentadas pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) foram levadas a sério e servirão de base para alguma mudança mais estrutural do sistema financeiro.

Só no começo

Para o vice-presiden­te da Associação Nacional de Executivos de Finan­ças, Administração e Con­ta­­­bilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, a redução das taxas, tanto pelos bancos públicos quanto pelos privados, está apenas no começo. Depois de BB, Caixa e HSBC, ontem Santander, Bradesco e Itaú Unibanco – esses dois últimos os maiores bancos privados do país – também reduziram as taxas de algumas linhas para pessoa física e jurídica.

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"A competição entre as instituições ainda vai levar essas taxas mais para baixo. Isso porque os juros médios e máximos ainda continuam altos, apesar das diminuições das taxas mínimas anunciadas nas últimas semanas", avalia. Segundo dados do BC relativos ao dia 4 deste mês, embora o Banco do Brasil trabalhe agora com uma taxa inicial de 0,85% a.m. para o crédito pessoal, sua média é de 2,61%. "A pergunta é que consumidor, efetivamente, consegue emprestar pelas taxas mais baixas das instituições?", pontua o professor do Ibmec de Belo Horizonte Reginaldo Nogueira.

Para quem está prestes a assinar um empréstimo ou um financiamento de automóvel, a dica é esperar um pouco mais. "Aguarde a incorporação das novas taxas pelas instituições na próxima semana e compare as linhas novamente. Se fechar agora não terá acesso às taxas mais baixas, mesmo que a redução valha a partir do dia seguinte", recomenda Nogueira.