O presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta quinta-feira (8) que oferecerá US$ 1.000 em redução de impostos para famílias de classe média e aumentará a eficiência da energia em milhões de casas norte-americanas, criando empregos e estimulando a economia. Na segunda-feira, fontes da equipe de Obama afirmaram que, do pacote total de estímulo econômico calculado em US$ 775 bilhões, mais de US$ 300 bilhões serão empregados em cortes de impostos.
"Para que as pessoas gastem novamente, 95% das famílias de trabalhadores vão receber 1.000 dólares em redução de impostos, a primeira fase de redução dos impostos para a classe média que eu prometi durante a campanha e que agora estará incluída em nosso próximo orçamento", disse ele durante discurso nos arredores de Washington.
Obama afirmou que seu plano de recuperação da economia abrangerá assistência e cobertura de plano de saúde aos desempregados, além de propostas para dobrar a produção de energia alternativa nos próximos três anos.
A medida prometida por Obama de redução de impostos lembra o pacote de US$ 146 bilhões lançado pelo governo Bush no início de 2008, que favoreceu 111 milhões de americanos com incentivos fiscais. Na ocasião, o contribuintes individuais receberam US$ 600, e casais tiveram direito a US$ 1,2 mil, além de US$ 300 para cada filho. O reembolso, feito através de cheques, serviu para estimular a economia americana, garantindo um crescimento anualizado de 3,8% no segundo trimestre, bem acima da expansão do PIB no primeiro trimestre, de apenas 0,6%.
O presidente eleito dos Estados Unidos discursou nesta quinta-feira (8) na Universidade George Mason, em Virginia, buscando apoio para um pacote de estímulo fiscal. Ele afirmou que os Estados Unidos podem continuar em recessão por anos caso não sejam adotadas medidas corajosas. Obama, que assumirá a Casa Branca em 20 de janeiro, promete colocar a economia em um novo curso, agindo rapidamente para fortalecer a regulação do sistema financeiro.
"Eu não acredito que seja tarde para mudar o rumo, mas será se não agirmos assim que possível", disse o democrata. "Se nada for feito, esta recessão pode se prolongar por anos. A taxa de desemprego pode atingir dois dígitos", destacou.
Preparando-se para substituir o presidente republicano George W. Bush, Obama está prestes à receber como herança uma economia que está em crise há mais de um ano. O democrata e seus conselheiros têm trabalhado com o Congresso norte-americano para criar um plano de estímulo de dois anos, cujo custo pode ultrapassar US$ 775 bilhões.
Obama afirmou que o custo do pacote de cortes de impostos e medidas de gastos que está propondo será "considerável". Ele acrescentou, no entanto, que o pacote é necessário para evitar que a economia entre num ciclo vicioso de baixo gasto dos consumidores, perdas de empregos e um aperto ainda maior no mercado de crédito.
O pacote proposto por Obama inclui corte de taxas e dinheiro para a construção de novas estradas, pontes e escolas. A medida também deve financiar projetos de energias renováveis, ajuda aos caixas quebrados dos Estados e aumentar os benefícios a desempregados. Obama pretende assegurar a aprovação do plano econômico em meados de fevereiro.
"Para cada dia que esperamos ou apontamos os dedos, mais americanos vão perder seus empregos. Mais famílias vão perder suas economias", alertou.
O presidente eleito também fez um apelo por medidas que aumentem a confiança no sistema financeiro e restaure o funcionamento dos mercados de crédito. Ele também prometeu agir rapidamente para reformar o sistema regulatório de Wall Street.
Nesta quarta-feira, um relatório sobre a projeção de orçamento dos Estados Unidos revelou um lado negro que deve ser mais um desafio para Obama na tentativa de conseguir a aprovação de seu plano pelo Congresso. O déficit orçamentário para o atual ano fiscal de 2009, que se encerra em 30 de setembro, deve quase triplicar, atingindo cerca de US$ 1,2 trilhão de dólares.
Um déficit deste tipo representaria cerca de 8,3% do Produto Interno Bruto e superaria o recorde anterior do pós-guerra atingido em 1983, quando o déficit representou 6% do PIB.