Após receber uma proposta alternativa para o plano de recuperação judicial da Oi em dezembro, feita pelo empresário egípcio Naguib Sawiris, o presidente da operadora, Marco Schroeder, está em intensas conversas com credores e investidores este mês. A intenção é entregar alterações ao plano original, apresentado em setembro pela tele, até o fim de março.
Uma das mudanças é relativa aos recursos que a tele deve levantar com a venda de ativos não estratégicos, como os da África, segundo fontes com conhecimento do assunto.
Na nova proposta, parte desse dinheiro será usado para pagar antecipadamente bancos e detentores de títulos (“bondholders”), que detêm, respectivamente, cerca de R$ 15 bilhões e R$ 35 bilhões de uma dívida total de R$ 65 bilhões. Originalmente, os recursos iriam para o caixa da Oi.
No balanço do terceiro trimestre da Oi, o valor contábil das operações da tele na África era de R$ 5,8 bilhões. Apesar disso, o valor do negócio, se vendido, pode sofrer ajustes.
Plano foi alvo de críticas
O plano de reestruturação proposto pela Oi recebeu pesadas críticas por parte dos credores. Outra possível alteração é relativa à entrega imediata de participação da companhia para os credores. Em entrevista ao Broadcast em novembro, Schroeder defendeu, pela primeira vez, essa opção desde quando a empresa pediu a recuperação judicial, em junho.
Antes disso, Bayard Gontijo, ex-presidente da Oi, havia tentado esse caminho com os detentores de títulos da empresa, sem sucesso. Bayard deixou empresa após se desentender com os acionistas.
Planos alternativos
Além do empresário egípcio, que propôs fazer uma injeção de até US$ 1,25 bilhão por meio de aumento de capital, os fundos abutres americanos Cerberus e Elliott deverão apresentar nas próximas semanas suas propostas alternativa à companhia. A proposta de Sawiris tem validade até o dia 31 de janeiro, mas deverá ser renovada, segundo fontes de mercado.
Fontes afirmaram ao jornal O Estado de S. Paulo que executivos da Elliott devem chegar ao Brasil na semana que vem para dar início a negociações com bancos credores e governo. A Elliott estuda investir em torno de R$ 9 bilhões em troca de 60% da Oi. Já a Cerberus, que no Brasil é representada pela RK Partners, deverá fazer sua proposta em fevereiro e prevê investir US$ 2 bilhões em parceria com outros fundos.
Em recuperação judicial desde junho passado, a Oi tem entre seus maiores acionistas a Pharol (antiga Portugal Telecom) e o fundo Société Mondiale, ligado ao empresário Nelson Tanure.