O aplicativo de transporte Uber anunciou nesta terça-feira (17) investimento de R$ 200 milhões em São Paulo para reforçar o atendimento, diante do aumento de reclamações registrado recentemente, tanto de motoristas quanto de usuários. Segundo a empresa, a central da capital paulista poderá ter 7 mil pessoas até o fim do ano.
A central de atendimento, que já está operando e hoje concentra cerca de 2 mil trabalhadores, vai reunir pessoal encarregado de responder a perguntas de motoristas e passageiros.
Com o investimento, a companhia pretende reduzir o tempo de resposta aos diferentes públicos. Neste primeiro momento, a empresa apenas reuniu num só local o atendimento que antes era feito de maneira descentralizada. Além do projeto de ampliar o número de atendentes ao longo de 2017, o Uber também deverá contratar outras cem pessoas para trabalhar em sua sede, em São Paulo.
O anúncio ocorre duas semanas após a 99, principal rival do Uber, anunciar parceria com a chinesa Didi Chuxing, que liderou um aporte de US$ 100 milhões no aplicativo brasileiro.
Segundo Fabio Sabba, porta-voz do Uber no país, o investimento já estava planejado antes do anúncio do movimento da rival. Sabba disse que a demanda na área de transportes por aplicativo é “gigante” e que a competição é saudável para o usuário.
“Quando há regulação, as pessoas começam a entender como a ferramenta funciona e que esse mercado tem potencial de crescimento. Por isso, aparecem outros players”, disse o executivo. “No fim das contas, isso é bom para o usuário: nos obriga a ter sempre a melhor tecnologia e a oferecer o melhor serviço.”
Segurança
Entre os motivos que podem ter levado o Uber a investir em uma central de atendimento são as reclamações dos motoristas sobre a segurança, já que são frequentes os roubos envolvendo os motoristas da companhia.
Após implementar o pagamento em dinheiro, a empresa viu o número de crimes saltar: segundo levantamento feito pelo jornal “O Estado de S. Paulo” em novembro, uma média de três motoristas do Uber são assaltados por dia em São Paulo.
No total, foram registrados 271 roubos entre janeiro e outubro de 2016. A maior parte deles ocorreu depois de 22 de julho, quando a empresa adicionou a opção para os passageiros pagarem pela corrida em dinheiro.
Outro motivo que pode ter influenciado na decisão são reclamações de passageiros sobre o serviço do Uber. Com o aumento do número de motoristas, usuários têm reclamado da qualidade dos carros na modalidade UberX e da falta de treinamento dos motoristas - falhas que tem sido exploradas por rivais, como 99 e Cabify.
A escolha de São Paulo para a central de atendimento está relacionada com a localização do primeiro escritório do Uber no Brasil. Além disso, o ambiente de negócios da cidade, que tem regulamentação específica para os aplicativos de mobilidade, também favoreceu a decisão.
Na capital paulista, os aplicativos de transporte, como o Uber, foram responsáveis pela arrecadação de R$ 23 milhões para a Prefeitura até novembro do ano passado. A promessa da gestão de João Doria é manter a atividade regulamentada – o prefeito chegou a anunciar que venderia 1,3 mil carros da Prefeitura e que os servidores passariam a usar Uber e táxis.