Os negros e as mulheres são as principais vítimas do desemprego no Brasil, apontou estudo de três entidades ligadas à Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado nesta segunda-feira (8).
Segundo o relatório, que também aponta melhoria nos índices de desemprego do país, desde a década de 1990 o desemprego no Brasil é feminino, jovem, negro e urbano. O estudo também mostra diminuição do trabalho informal, infantil e forçado, além de ter detectado um aumento no nível de escolaridade do brasileiro.
"Se nós somarmos mulheres e negros, nós chegamos a quase 75 por cento da população economicamente ativa do país", afirmou Laís Abramo, diretora da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil.
O relatório "Emprego, Desenvolvimento Humano e Trabalho Decente -- A experiência brasileira recente" foi realizado pela OIT em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e com a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).
No Brasil a taxa de desemprego atinge 8,4 por cento da população, sendo que 12,5 por cento das mulheres negras estão nesta condição. No caso de homens brancos, 5,6 por cento estão desempregados. O rendimento médio mensal também sofre diferenças: negros ganham em média 616 reais por mês, enquanto um assalariado branco ganha 1.157 reais mensais na média.
"Acho que são necessárias políticas dirigidas especificamente ao enfrentamento da desigualdade", alertou Abramo. A diretora destacou iniciativas já existentes no Brasil, como cotas nas universidades, o Programa de Apoio à Mulher na Agricultura Familiar (Pronaf Mulher) e políticas de qualificação que dão atenção especial a negros e mulheres.
Segundo Renato Baumann, diretor da Cepal, "é importante se contar com o crescimento da economia de forma sustentada como pré-condição para gerar emprego, mas que essa não é uma situação suficiente".
Na opinião de Abramo, além do setor público, o privado também deve agir. "Todo um esforço que as empresas podem desenvolver de forma autônoma e voluntária também são fundamentais", destacou.
A pesquisa também apresentou um conjunto de esforços que devem ser realizados para mudar esse quadro. Além da manutenção do crescimento econômico, deve-se garantir, segundo o estudo, o respeito às leis trabalhistas, a ampliação da proteção e da igualdade sociais, além de se combater a discriminação.
Também foi destacado na pesquisa a libertação de 21.768 pessoas vítimas de trabalhos forçados no último ano. Além disso, desde 1992, ano base de comparação da pesquisa, o número de crianças e adolescentes que trabalham caiu de 5 milhões para 2,3 milhões.