O pacote anunciado ontem deve ajudar fabricantes de máquinas e implementos agrícolas instalados no Paraná. O governo federal planeja comprar 3 mil "patrulhas agrícolas" conjunto de trator e implemento de julho a dezembro, montante que equivale a 20% da produção semestral do setor. O objetivo, segundo o Ministério da Fazenda, é "aumentar a produtividade da agricultura dos municípios". A tendência é de que sejam beneficiadas empresas como a Case New Holland (CNH), que tem fábrica em Curitiba, e a Montana, de São José dos Pinhais, na região metropolitana.
Na soma das vendas de suas duas marcas, a CNH vendeu 4.452 tratores no mercado doméstico nos cinco primeiros meses deste ano, com queda de 12% em relação ao mesmo período de 2011. Como o programa do governo privilegia tratores de baixa potência, com até 75 cavalos, a marca que mais tem a ganhar é a New Holland, que atua mais nesse mercado. A empresa enfrenta uma forte retração nas vendas: entregou 3.485 unidades de janeiro a maio, 22% menos que em igual intervalo do ano passado. Em anos anteriores, a New Holland alcançou picos de vendas graças a programas oficiais de crédito para tratores de pequeno porte, como o Mais Alimentos, do governo Lula, e o Trator Solidário, da gestão do governador Roberto Requião.
Medida "oportuna"
O diretor de comunicações e relações internacionais da CNH, Milton Rego, considerou "oportuna" a nova medida do Planalto. "Enquanto o mercado de máquinas agrícolas recuou 5% nos cinco primeiros meses, nesse segmento a queda foi de 10%", disse Rego, que também é vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
O executivo prevê que 45 mil tratores serão vendidos no país neste ano, dos quais 60% estão nessa faixa de potência. Segundo ele, o setor está preparado para suportar a demanda governamental, mas é preciso que a aquisição seja escalonada para evitar gargalos.
A Montana, que fabrica implementos para a pulverização de lavouras, também nutre a expectativa de vender para o governo. "Temos de esperar pelo detalhamento, saber que implementos exatamente o governo vai comprar. Mas é provável que sejamos beneficiados", diz Giancarlo Fasolin, diretor de marketing da Montana. Ele diz que, embora o mercado não esteja crescendo como o esperado, a empresa deve faturar cerca de R$ 250 milhões neste ano, 20% mais que em 2011.
Caminhões e ônibus
Outra empresa instalada no Paraná que se enquadra na lista de compras do Planalto é a Volvo. Sua linha de montagem de caminhões, que fica em Curitiba, está trabalhando em ritmo reduzido neste ano por causa da retração do mercado: no acumulado de cinco meses, as vendas da montadora caíram quase 20%, para 5.750 unidades. O governo pretende comprar 8 mil caminhões até dezembro, pouco mais de 8% da produção semestral de todo o setor.
A Volvo também produz chassis de ônibus de grande porte, mas a prioridade do governo são os ônibus escolares. O objetivo é comprar 8.750 unidades 36% do que a indústria produz em um semestre para o Programa Caminho da Escola. Nesse caso, quem pode lucrar é a Mascarello, que produz carrocerias de ônibus de portes variados em Cascavel, no Oeste do estado.
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