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A economia brasileira cresceu perto de 10% no primeiro trimestre deste ano, acima do que a maioria dos analistas de mercado e o Ministério da Fazenda estão projetando para o período - na casa de 8%. É o que mostrou o novo Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que encerrou o primeiro trimestre com alta de 9,85% sobre igual período de 2009. Em relação ao quarto trimestre do ano passado, o IBC-Br teve expansão de 2,38% (que significa, em termos anualizados, crescimento próximo de 10%). O dado reforça a análise que a economia brasileira se encontra em ritmo muito forte neste início de ano e é necessário pôr um freio no nível de atividade.

O IBC-BR é um indicador criado pelo Banco Central para tentar antecipar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) e é a mais recente ferramenta usada pelo Banco Central para ajudar na definição da taxa básica de juros (Selic). O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulga oficialmente o PIB, só anunciará o resultado do primeiro trimestre no dia 8 de junho. Com periodicidade mensal, o IBC-Br leva em conta estatísticas sobre agropecuária, indústria e serviços.

Alta dos juros

O resultado forte do indicador verificado no primeiro trimestre ajuda a entender por que Henrique Meirelles e sua equipe foram unânimes em aumentar em 0,75 ponto porcentual os juros na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do BC. E, pelo mesmo motivo, se espera que o BC siga nessa toada pelo menos por mais uma reunião.

Ao elevar o juro básico, a autoridade monetária tenta conter o ímpeto da economia, de modo que ela não permaneça crescendo acima de sua capacidade por muito tempo. Afinal, essa situação provoca risco de alta forte na inflação, além de piorar o déficit nas contas externas do país - já que a economia não tem capacidade de atender toda a demanda interna e precisa importar produtos e serviços para supri-la.

O economista-chefe do banco Schain, Silvio Campos Neto, afirmou que o dado do Banco Central reforça a preocupação em torno do nível de crescimento econômico e seu impacto na inflação ou no déficit externo. "De fato, o indicador mostra um crescimento bem forte, acima do que todo mundo entende que o país pode sustentar no longo prazo", disse Campos Neto, ponderando que os dados do primeiro trimestre ainda ocorrem sobre um ano marcado pela crise internacional, ou seja, sobre uma base mais fraca, especialmente a do primeiro trimestre de 2009.

Ele ressaltou, no entanto, que a tendência da economia é de desaceleração nos próximos trimestres, refletindo as melhores bases de comparação e as ações do Banco Central e do Ministério da Fazenda de apertar a política fiscal. Nesse sentido, Campos Neto defendeu um aumento ainda maior da austeridade nos gastos do governo para ajudar a conter a economia.

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