Quase 116 mil vagas de trabalho com carteira assinada foram fechadas no país em maio, no pior desempenho do mercado de trabalho formal para o mês desde 1992. Trata-se do quarto mês de queda no emprego neste ano por causa da retração da atividade de vários setores da economia, como indústria, comércio e construção civil.

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Em 2015, o saldo negativo acumulado já é de quase 244 mil empregos formais, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. Nos últimos 12 meses, houve redução de 452,8 mil postos de trabalho no país.

O ministro do Trabalho, Manoel Dias, fez a divulgação dos dados em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. O estado teve o melhor desempenho na contratação de trabalhadores do país, com 534 vagas criadas. O estado com pior saldo no mês foi São Paulo, onde 23 mil vagas foram extintas.

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A indústria de transformação foi o segmento que mais demitiu, com quase 61 mil vagas cortadas no mês passado. Todos os 12 ramos industriais fecharam vagas. Em seguida, o setor de serviços foi responsável pela extinção de 32,6 mil vagas. Na construção civil, 29,8 mil postos foram encerrados, e, no comércio, 19,3 mil. O único segmento que contratou no mês foi o agropecuário, por motivos sazonais. Foram 23,3 mil empregos criados no campo.

Na avaliação de José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, a piora no mercado de trabalho ainda se manifesta mais profundamente na queda de admissões. A tendência é que o resultado do ano seja ruim, com agravamento das demissões.

Para Rafael Bacciotti, economista da consultoria Tendências, a menor geração de vagas formais está generalizada e revela a propagação da crise para setores que atendem a indústria, como serviços, que têm peso importante na composição da força de trabalho. “Os dados de maio mostram que esse é um processo que deve ser continuado nos próximos meses, com a perspectiva de contração de atividade econômica”, disse.

Manoel Dias afirmou que é preciso um ajuste na economia para que haja retomada na criação de emprego. Ele espera um segundo semestre melhor. De acordo com ele, há setores que planejam investir ainda neste ano, o que pode gerar vagas. “O FGTS já desembolsou R$ 20 bilhões, neste primeiro semestre, para o setor da habitação e de saneamento básico. Esse recurso vai ajudar a recuperar os empregos na construção civil,”

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Economista não acredita em reversão do cenário no curto prazo

  • são paulo

O fechamento de vagas é hoje uma das maiores preocupações do governo, pois é resultado, entre outros fatores, da política de elevação da taxa de juros pelo Banco Central e do ajuste fiscal em curso. Essas medidas têm aumentando os custos das empresas, que acabam cortando postos de trabalho. “Nós vivemos agora uma situação difícil”, afirmou o ministro do Trabalho, Manoel Dias, ao divulgar os números.

O economista-chefe da Infinity Asset, Carlos Acquisti, diz que não vê, pelo menos no curtíssimo prazo, possibilidade de uma reversão significativa do atual panorama desfavorável para o emprego. “De uma forma geral, os números de atividade estão piores do que as projeções, que já eram negativas. Com a atividade com a cara que está, o mercado de trabalho deve continuar piorando”, destaca Acquisti. “Acredito que pode haver um respiro e até uma estabilização em algum momento, mas, no curtíssimo prazo, a tendência ainda é de deterioração.”

“É importante ressaltar que o mercado de trabalho costuma ser um dos que mais demoram a piorar, dado que é oneroso o processo de demissão e recontratação”, lembra. “De uma forma geral, quando as empresas demitem é porque as expectativas de curto e médio prazo estão ruins.”