O diretor-geral da Organização Mundial de Comércio (OMC), Pascal Lamy, fez um chamado aos países para que aceitem a nova regulação financeira internacional, mesmo que, para eles, compartilhar a soberania neste tipo de assunto seja uma "revolução ideológica".
Em uma entrevista publicada neste sábado pelo diário francês Le Monde, Lamy afirmou que é politicamente delicado para os Estados Unidos e países emergentes aceitar autoridades supranacionais, mas destacou que a crise financeira requer adaptações.
"Há organizações mundiais para o comércio, a saúde, o meio ambiente, telecomunicações, alimentos. Há dois buracos negros no governo mundial: as finanças e a migração," disse Lamy ao Le Monde.
"Necessitamos de regulamentação internacional das finanças com regras vinculantes e um mecanismo de vigilância e sanções. Uma vaca doente ou um isqueiro defeituoso não cruzam fronteiras enquanto que, atualmente, um instrumento financeiro tóxico pode fazer isso," criticou.
Lamy reiterou que os países devem resistir à tentação do protecionismo, um dos fatores que fizeram o crash de Wall Street em 1929 se converter em uma bola de neve que desencadeou uma depressão econômica mundial.
Ele rejeitou a idéia, repetida por alguns críticos do partido Democrata, dos Estados Unidos, de que sob o governo de Barack Obama a maior economia do mundo será mais protecionista do que sob o controle dos republicanos, que são mais próximos ao mercado.
"O que muda com o Partido Democrata são os planos de reduzir a insegurança social. A sensação de insegurança engendrada pelo livre comércio é mais forte nos Estados Unidos do que em qualquer outra parte porque a rede de segurança social é mais frágil ali," explicou Lamy.
"Se os democratas aplicarem seu programa social, isso pode tranquilizar os norte-americanos a cooperar com as conversações internacionais de comércio. Obviamente eles devem ter os recursos para alcançar suas ambições," sustentou.
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