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O tradicional Palácio da Fazenda, sede do ministério na Avenida Presidente Antônio Carlos 375, no Centro do Rio, se prepara para a chegada de um velho conhecido. Depois de onze anos de ministros com residência em São Paulo – que pouco visitavam a capital fluminense –, a Fazenda terá Joaquim Levy como comandante da pasta, carioca que já frequentou os corredores do Palácio quando era secretário do Tesouro Nacional.

Depois de mais de oito anos de Guido Mantega à frente do ministério, a expectativa é que o novo titular esteja mais presente no gabinete do Rio, que tem na parede quadro com Artur de Souza Costa, primeiro ministro a despachar no prédio, inaugurado em novembro de 1943.

Levy terá o privilégio de trabalhar em um prédio que é uma mistura do estilo neoclássico com elementos "art-deco" e foi tombado em 2005 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). As colunas em estilo greco-romano, com 9,5 metros de altura, são destaque da fachada, que ostenta ainda figuras em alto relevo representando atividades da economia brasileira, como comércio e indústria.

Motivo de disputa nos anos 90 entre o governador Marcello Alencar e o prefeito Luiz Paulo Conde – que queriam assumir o edifício alegando direitos da época da fusão do estados do Rio de Janeiro e da Guanabara, o local costuma ser locação de comerciais, como da Fiat e do Rexona, ou de filmes, como "Redentor".

No hall principal, o busto de Getúlio Vargas lembra o responsável pela criação do Palácio da Fazenda em pleno Estado Novo, com o objetivo de reunir unidades do ministério que estavam espalhadas pela então capital.

Nos corredores dos 14 andares está presente a história da economia brasileira. A biblioteca reúne cerca de 150 mil obras, das quais três mil são raras. Um amplo programa de digitalização do acervo está em curso, em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e Internet Archive, uma biblioteca digital gratuita. É a primeira biblioteca da América do Sul a participar do Internet Archive.

Se Levy terá que se esforçar para fazer um ajuste fiscal nas contas públicas, no palácio carioca, os números são grandiosos. Apenas para custeio, foram gastos no ano passado R$ 14 milhões, de um orçamento previsto de R$ 17 milhões. A diferença se explica, segundo Antonio Renato Cezar de Andrade, superintendente de administração do Ministério da Fazenda no Rio de Janeiro e responsável por administrar os 107 mil metros quadrados de área construída do palácio, pelo contingencionamento do governo. Só a conta de luz anual é de R$ 3,5 milhões.

Está prevista para o primeiro semestre de 2015 a conclusão de dois projetos para a restauração do local, um focado na melhoria da estrutura da edificação e o outro no restauro, com retorno de algumas caterísticas que se perderam ao longo dos anos. Estimada inicialmente em R$ 500 milhões, a obra, no entanto, ainda não está prevista no orçamento. Até 2016, acaba a troca dos 15 elevadores, que foram motivo de uma tragédia em 2009, quando uma funcionária morreu após uma pane no equipamento.

Os preparativos para a troca de equipe da Fazenda em Brasília já começaram. O horário de funcionamento do gabinete, que hoje vai até 18h, será estendido até 20h, segundo Severino Barbosa dos Santos, chefe substituto de serviços do gabinete, que trabalha para os ministros da Fazenda desde 1973. E já se começa a avaliar se será necessário ter dois turnos de trabalho para acompanhar o ritmo de Levy, conhecido por fazer expedientes de longas horas.

"Teremos um novo ministro carioca e a expectativa é que ele venha mais ao Palácio da Fazenda", diz Andrade. A esperança é de que a sede do ministério no Rio – que viu a transferência das atividades principais para Brasília nos anos 60 – reviva as épocas áureas de Antônio Delfim Netto, Ernane Galvêas, Mário Henrique Simonsen e Pedro Malan – que trabalhavam com frequência no 10º andar do prédio.

"O ministro Joaquim Levy vinha muito aqui quando era secretário do Tesouro e gostava de trabalhar até tarde", afirma Santos.

Apesar da riqueza de seu interior e de ser aberto ao público, mediante agendamento, poucos são aqueles que frequentam o local além dos 4.500 funcionários de diferentes representações da Fazenda e de outros órgãos do governo que trabalham por lá. Em 2014, apenas 110 pessoas visitaram o local. As visitas podem ser agendadas pelo telefone 3805-2003.

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