O ex-ministro da Fazenda e deputado federal Antonio Palocci (PT-SP) defendeu ontem à noite um esforço na realização de reformas no País, principalmente a tributária, "para aumentar a musculatura, garantir a solidez econômica e nos preparamos para momentos mais difíceis" de que este de "crise profunda" na economia mundial.
O deputado, que preside a comissão especial da Câmara encarregada de analisar o projeto de reforma tributária, disse que irá convocá-la após as eleições para retomar os trabalhos e, assim, encaminhar a proposta ao plenário. "É preciso prosseguir as reformas, tanto no aspecto macro, que é a tributária, quanto as (reformas) microeconômicas", disse Palocci, que compareceu ontem à noite a um jantar de apoio ao candidato do PT a prefeito de Ribeirão Preto, Feres Sabino.
"A reforma tributária reduz custos, ajuda a reduzir a inflação e simplifica a vida das empresas, dando mais flexibilidade. Outras reformas, como a da defesa da concorrência e das agências reguladoras, podem completar um quadro de maior fortalecimento", completou Palocci.
O deputado considerou que, apesar da solidez do Brasil diante da crise mundial, é preciso acompanhá-la em detalhes, "porque é de grandes proporções, atingiu todos os países ricos e começa a ter reflexos nos países emergentes que estão bem e fizeram a lição de casa antes, com bons quadros fiscais e reservas equilibradas". Entre os impactos nos emergentes lembrados por Palocci estão os do mercado de ativos e a falta de crédito a juros razoáveis.
Já sobre as ações tomadas pelo governo nos Estados Unidos para evitar um colapso do sistema financeiro local, Palocci disse que até o início desta semana, o trabalho das autoridades americanas estava atrás da crise, apesar das ações serem importantes. "Parece que as novas ações foram mais vigorosas, ou seja, um plano de abraçar todos os passivos não líquidos de todas as instituições financeiras", disse. "O Brasil respondeu positivamente pela primeira vez, mas acho que devemos nos manter atentos e não acreditar que uma crise como essa, caso se prolongue e se aprofunde, não trará prejuízos ao Brasil", afirmou o ex-ministro.
Já o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), também presente ao mesmo jantar, disse que ainda não há condições de saber a extensão do impacto da crise norte-americana na Europa e na Ásia, mas avaliou que a situação no Brasil é melhor, apesar da cautela necessária. "Avalio que as transações com títulos podres vão bater muito mais na Europa do que na América do Sul, pois, para nossa sorte, não estamos nesse nível de intercâmbio. Temos reservas cambiais, investimentos externos, mercado interno e inflação controlada", afirmou Chinaglia.
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